Petrobras: Prates toma posse como CEO e conselheiro

Após conselho de administração aprovar indicação, papéis registram forte baixa na B3; Goldman Sachs vê “aumento de incertezas” na petroleira

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São Paulo — O conselho de administração da Petrobras (PETR3, PETR4) aprovou a indicação do senador Jean-Paul Prates nesta quinta-feira (26) para o cargo de CEO e conselheiro da estatal de capital misto, informou fato relevante da companhia. Já a renúncia ao mandato de senador foi publicada hoje pelo Diário Oficial do Senado, segundo a assessoria do petista.

Após o fato relevante, as ações da Petrobras entraram em leilão na B3 e registraram forte baixa. Por volta de 14h30, o papel PN recuava 3,49%, cotado a R$ 26,01, enquanto a ação ON desabava 4,27%, a R$ 28,99. Já o Ibovespa tinha baixa de 0,40%, aos 113.814 pontos.

A Petrobras informou que ele já tomou hoje posse dos dois cargos. O mandato para CEO vai até o próximo dia 13 de abril, segundo o fato relevante. Depois, ele terá de ter seu nome aprovado por uma assembleia de acionistas.

A aprovação do seu nome para CEO e conselheiro ocorre um dia após a estatal ter divulgado um reajuste de 7,46% no preço da gasolina, a partir de hoje.

A expectativa do mercado é que a gestão de Prates mude a política comercial da estatal, evitando reajustes frequentes que resultem em pressões inflacionárias, retardando o início de um ciclo de cortes nas taxas de juros, condição para melhorar o desempenho da economia no 1º ano do governo Lula.

A eleição de Prates foi unânime no conselho de administração. O próximo passo é o petista montar a nova diretoria da estatal e revisar o plano estratégico de petroleira. A renúncia ao mandato de senador foi necessária para destravar o processo interno da Petrobras e acelerar sua posse. Ele defende um novo foco para a Petrobras, aumentando investimentos em refino e energias renováveis.

Prates ainda não forneceu comentários públicos após a aprovação de seu nome para a Petrobras.

Perfil

Com 54 anos, Prates é advogado e foi secretário de energia do estado do Rio Grande do Norte. Ele tem experiência no mercado de petróleo e gás desde os anos 1990.

“Como Secretário de Estado de Energia do Governo do Rio Grande do Norte levou o estado à autossuficiência energética e à liderança nacional em geração eólica, além de ter consolidado uma refinaria e usinas termelétricas a gás e biomassa no Estado e construído bases para os projetos de energia solar e eólica offshore”, destacou o fato relevante ao mencionar o perfil de Prates.

O documento da estatal também destacou que Prates foi também “autor de importantes marcos legais” envolvendo a transição energética e práticas sustentáveis, tais como a lei que regulamenta as atividades de captura e armazenamento de carbono e a lei da energia offshore. “Além disso, atuou como relator do Marco Legal das Ferrovias, das novas leis sobre a produção de biogás em aterros sanitários e a nova lei de mobilidade urbana sustentável”, acrescentou o fato relevante.

Incertezas

Após o resultado da reunião do conselho da Petrobras, o banco americano Goldman Sachs divulgou um relatório comentando a aprovação de Prates como CEO e mantendo sua recomendação “neutra” para as ações.

“Reconhecemos o aumento da incerteza sobre as políticas a serem adotadas nos próximos anos, conforme destacado em nosso relatório de rebaixamento”, apontou o relatório do Goldman Sachs.

Desde novembro, diversos bancos e corretoras cortaram recomendação para os papéis da estatal, mencionando temores de redução no pagamento de dividendos.

(Atualiza às 14h30 com cotações da companhia)

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