Consumidor se retrai e remessas globais de celulares têm queda trimestral recorde

Os embarques caíram 18,3% no último trimestre de 2022, frente ao ano anterior; No acumulado do ano, a queda foi de 11,3%, com o menor volume de envios em uma década

A turbulência na principal base de produção chinesa da Apple explica parcialmente a queda dos embarques no trimestre
Por Sam Kim
26 de Janeiro, 2023 | 06:52 AM

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Bloomberg — As remessas globais de smartphones sofreram a pior queda trimestral já registrada, um claro sinal de resfriamento da demanda do consumidor que sinaliza mais dor de cabeça para polos de fabricação como a Coreia do Sul e o Vietnã.

Os envios diminuíram 18,3% no trimestre encarrado em dezembro de 2022, comparativamente ao ano anterior, para um pouco mais de 300 milhões de unidades, segundo estimativas do IDC, com sede em Massachusetts. No acumulado do ano, os embarques caíram 11,3% e marcaram o menor valor em uma década, conforme os pesquisadores.

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”Nunca vimos os embarques num trimestre de férias serem menores”, escreveu Nabila Popal, diretora de pesquisa da IDC, em um comunicado à imprensa. Junto com a inflação e as incertezas econômicas, os lockdowns pelos contágios da covid na China foram outro fator que prejudicou a indústria, incluindo as vendas do iPhone da Apple. “Vendas pesadas e promoções durante o trimestre ajudaram a esgotar o estoque existente em vez de impulsionar o crescimento das remessas.”

A turbulência na principal base de produção chinesa da Apple pode explicar parte da queda dos embarques no trimestre. Protestos em torno das restrições pela covid e condições de vida no complexo de Zhengzhou fizeram que a maior parte da produção de iPhones no mundo descarrilasse durante semanas, culminando em protestos violentos em dezembro.

Todas as principais marcas de smartphones sofreram contratempos de dois dígitos no último trimestre

Os smartphones estão entre os maiores produtos de exportação da Coreia e uma fonte de renda essencial para o Vietnã, dois mercados onde a Samsung tem operações. A fabricante coreana relatou no último trimestre a maior queda em seu lucro em mais de uma década, liderada principalmente por uma redução na demanda por semicondutores. A exposição da empresa à venda de smartphones é ampliada por seu papel como principal fornecedor de memória e displays para a indústria.

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As vendas de dispositivos móveis servem como um barômetro da demanda por chips. As remessas de smartphones da Coreia devem crescer apenas 0,7% este ano, depois de ter caído 2,1% no ano passado, de acordo com uma previsão do Korea Development Bank. As exportações de chips do país provavelmente se reduzirão em 9,8% frente ao ano anterior em 2023, disse o banco, acrescentando às sugestões anteriores que uma recuperação na demanda não deveria se concretizar até o final do ano.

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