Bloomberg — O Bradesco (BBDC4) e o Santander estão entre os maiores credores da Americanas (AMER3), de acordo com documento enviado pela companhia à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro na noite de terça-feira (24).
O Deutsche Bank, cujo nome está escrito incorretamente no documento de 137 páginas visto pela Bloomberg News, está listado com créditos de cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,23 bilhões) com a Americanas, entre os maiores credores.
O banco alemão disse nesta quarta-feira (25) que “não foi afetado” e que não tem relação de empréstimos com a empresa. A Americanas não respondeu de imediato a pedido de esclarecimento sobre o conteúdo da lista.
Uma unidade do Deutsche Bank atua como trustee de cerca de US$ 1 bilhão em títulos emitidos pelo varejista, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.
O passivo da Americanas sujeito à recuperação judicial totaliza R$ 41,2 bilhões devidos a 7.720 credores, segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O dado diverge dos números apresentados pela Americanas no pedido de recuperação judicial, que apontava uma dívida estimada de R$ 43,1 bilhões com 16.300 credores.
Segundo a lista divulgada, o Deutsche Bank tem créditos de cerca de R$ 5,23 bilhões com a varejista, enquanto o Bradesco soma R$ 4,8 bilhões e o Bradesco Saúde, R$ 5,13 milhões.
Na sequência, aparece o Santander (SANB11), com R$ 3,65 bilhões, BTG Pactual (BPAC11), com R$ 3,51 bilhões e Banco Votorantim, com R$ 3,28 bilhões.
Em nota à imprensa divulgada nesta quarta-feira (25), o banco BV afirma que a lista de credores enviada pela Americanas não reflete a sua real exposição. Segundo o banco, em 11 de janeiro, quando foi divulgado o fato relevante no qual a Americanas reconheceu suas inconsistências contábeis, o BV era credor de Cédulas de Crédito Bancário devidas pela Americanas com saldo devedor de aproximadamente R$ 206 milhões.
“Conforme contrato de compensação, firmado nos termos da Resolução do Conselho Monetário Nacional 3.263/05, as CCBs BV foram integralmente liquidadas com aplicações de titularidade da Americanas junto ao banco BV. Essa compensação vem sendo objeto de disputa judicial pela Americanas”, escreveu.
Ainda de acordo com a lista, o Itaú Unibanco (ITUB4) tem créditos da ordem de R$ 2,9 bilhões com a Americanas, enquanto o Safra tem R$ 2,53 bilhões e o Banco do Brasil (BBAS3), R$ 1,36 bilhão.
Os credores listados podem incluir participações em fundos passivos, bem como nomes de custodiantes ou administradores que não necessariamente detêm a dívida.
Do total do passivo, R$ 64,8 milhões são referentes à classe trabalhista; R$ 41 milhões, à classe quirografários; e R$ 109,5 milhões à classe de microempresas e empresas de pequeno porte.
A Americanas entrou com pedido de recuperação judicial após a renúncia do CEO Sergio Rial, que apontou “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nas contas da empresa. Desde esse anúncio, em 11 de janeiro, os papéis da companhia caem mais de 93% na B3, sendo negociados na casa dos R$ 0,80, ante R$ 12 no fechamento do dia 11.
-- Atualiza às 11h com posicionamento do banco BV e informações adicionais do Deutsche Bank
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