Alemanha vai fornecer tanques à Ucrânia para auxiliar no combate à Rússia

Pacote de ajuda inclui a entrega de 100 tanques Leopard 2 e treinamento para tropas ucranianas; Rússia diz que Ocidente subestima o potencial dos armamentos

Ministro da Defesa alemão diz que os primeiros tanques alemães poderiam chegar à Ucrânia dentro de três meses
Por Arne Delfs - Michael Nienaber
25 de Janeiro, 2023 | 10:59 AM

Bloomberg — A Alemanha se comprometeu a equipar a Ucrânia com mais de 100 tanques de batalha Leopard 2 em um esforço conjunto com os aliados europeus, dando às tropas mais poder de fogo contra a invasão russa. Em um primeiro passo, a Alemanha disponibilizará 14 tanques Leopard 2 A6 a partir dos estoques mantidos por suas forças armadas, disse o governo nesta quarta-feira (25) em um comunicado.

Em coletiva de impressa em Berlim, o ministro da Defesa Boris Pistorius disse que os primeiros tanques alemães poderiam chegar à Ucrânia dentro de três meses, possivelmente tarde demais para enfrentar uma ofensiva russa que poderia começar a partir do próximo mês, segundo autoridades de defesa. O objetivo é que a Alemanha e seus parceiros forneçam dois batalhões totalizando 112 tanques desse tipo e o governo em Berlim dará aos aliados na Europa a autorização necessária para fornecer as unidades em seu poder.

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O pacote de ajuda inclui treinamento na Alemanha para as tropas ucranianas, logística, munição e manutenção. “Esta decisão segue nossa conhecida orientação de apoiar a Ucrânia o melhor que pudermos”, disse Scholz. “Estamos agindo de forma rigorosamente acordada e coordenada internacionalmente”.

Espera-se que o governo Biden se junte à aliança de tanques e anuncie, ainda nesta quarta-feira (25), o fornecimento à Ucrânia de seu principal tanque de batalha, o M1 Abrams. A medida sinalizaria que Washington reduziu sua resistência sobre o tema, que vem sendo justificada pelo alto consumo de combustível dos veículos e pela dificuldade de operação.

A decisão alemã de enviar os Leopards é o último passo de uma revisão radical da política de defesa alemã desencadeada pela invasão russa da Ucrânia há 11 meses. Até então, a Alemanha se recusava a enviar armas para zonas de conflito e havia permitido que suas forças militares se deteriorassem durante décadas de baixo investimento.

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Imediatamente após a invasão da Rússia, Scholz anunciou a criação de um fundo especial no valor de 100 bilhões de euros (US$ 109 bilhões) além do orçamento regular de Defesa e disse que a Alemanha elevaria as despesas militares para atingir a meta da Otan de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) direcionado a este tipo de gasto.

Há muito tempo a Ucrânia vem pleiteando tanques de batalha mais pesados em meio à expectativa de que os combates se intensificarão após o inverno. Ainda que o governo de Scholz seja um dos maiores fornecedores de ajuda militar e financeira a Kyiv, o líder alemão tem sido criticado por parecer reticente sobre a decisão de enviar os Leopards ou permitir que os aliados enviem os que possuem.

Desconfiado do potencial de provocar o presidente russo Vladimir Putin, Scholz argumentou que qualquer decisão tinha que ser coordenada entre os aliados da Otan e parecia estar esperando por um compromisso dos EUA de também enviar os tanques Abrams.

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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta quarta-feira (25) que os aliados da Ucrânia estavam superestimando o potencial dos tanques de batalha para influenciar a guerra, classificando essa avaliação de “profunda ilusão”.

Qualquer tanque Abrams ou Leopard fornecido à Ucrânia “queimará como todos os outros”, disse Peskov aos repórteres em uma teleconferência, informou o serviço de notícias Tass.

Os aliados europeus da Alemanha possuem centenas de Leopard 2 em diferentes modelos. Na terça-feira, a Polônia solicitou formalmente autorização alemã para enviar 14 de seus tanques desse tipo para a Ucrânia.

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O Ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto, reiterou nesta quarta-feira (25) que o país está pronto para participar do embarque dos veículos “de uma forma ou de outra”.

Sem oferecer seus próprios tanques, dos quais a Finlândia tem cerca de 200, Haavisto indicou que está considerando opções, incluindo o fornecimento de treinamento ou peças de reposição.

O Reino Unido anunciou este mês que forneceria à Ucrânia 14 de seus Challenger 2s, em um primeiro gesto de um país ocidental disposto a fornecer tanques de batalha modernos para combater as forças russas.

Robert Habeck, vice-chanceler da Alemanha e membro do partido Verde, disse estar certo de que Scholz pesou cuidadosamente sua decisão de enviar os Leopard para a Ucrânia. “O direito da Ucrânia à autodefesa se aplica, e nós o apoiamos com grande força”, disse Habeck em uma declaração enviada por e-mail.

-- Com a assistência de Ott Ummelas, Aaron Eglitis, Kati Pohjanpalo e Kamil Kowalcze.

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