Ações da Microsoft enfrentam desafio após projeções para 2023 desapontarem

Diretora financeira da companhia disse que as vendas do Azure diminuirão no trimestre atual em relação ao final do segundo trimestre fiscal

Empresa divulgou balanço positivo, mas fez alerta
Por Dina Bass
25 de Janeiro, 2023 | 09:56 AM

Bloomberg — As ações da Microsoft (MSFT) recuam na bolsa de Nova York nesta quarta-feira (25), depois de alertas para tempos mais desafiadores à frente.

Ao reportar os dados trimestrais, a companhia alertou que o crescimento da receita no segmento de computação em nuvem vai desacelerar nos próximos meses, bem como as vendas de software corporativo, alimentando a preocupação com a demanda pelos produtos que impulsionaram os negócios nos últimos anos.

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As ações caíam cerca de 1% por volta das 14h (horário de Brasília).

A diretora financeira, Amy Hood, disse em uma teleconferência com investidores na terça-feira (24) que as vendas do Azure diminuirão no trimestre atual em relação ao final do segundo trimestre fiscal, quando os ganhos estavam em torno de 30% em termos percentuais.

Essa frente de negócios da companhia foi o destaque no balanço da Microsoft, dado que outras divisões foram prejudicadas por uma queda nas vendas relacionadas a software de computador pessoal e videogames.

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Após o balanço, as ações da companhia subiram mais de 4% em Nova York, com os investidores encorajados por sinais de resiliência nos negócios de nuvem da Microsoft, mesmo em um mercado geral mais fraco para software e outros produtos de tecnologia.

Mas a previsão pessimista da empresa trouxe o foco de volta para os desafios da gigante de software, já que os clientes corporativos travaram os gastos. O crescimento da receita de 2% no segundo trimestre foi o mais lento em seis anos, e a Microsoft disse na semana passada que está demitindo 10 mil funcionários.

Estimativas cautelosas derrubaram as ações nas negociações no after hours

A empresa registrou lucro ajustado no período encerrado em 31 de dezembro de US$ 2,32 por ação, enquanto as vendas subiram para US$ 52,7 bilhões.

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Pesquisa da Bloomberg News com analistas apontava para lucro de US$ 2,30 por ação e US$ 52,9 bilhões em receita. Excluindo os impactos cambiais, a receita do Azure aumentou 38% no trimestre, superando ligeiramente as previsões dos analistas.

A Microsoft disse que registrou uma despesa de US$ 1,2 bilhão, ou US$ 0,12 por ação, no último trimestre, com US$ 800 milhões relacionados aos cortes de empregos, que afetarão menos de 5% de sua força de trabalho.

Sediada em Redmond, Washington, a companhia disse na semana passada que o montante incluirá indenização, “mudanças em nosso portfólio de hardware” e o custo de consolidação de locações imobiliárias.

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Desaceleração já é vista

Após anos de ganhos de receita de dois dígitos impulsionados pela aceleração dos negócios em nuvem da Microsoft e crescimento robusto durante a onda de gastos com tecnologia da pandemia de covid-19, o CEO Satya Nadella reconheceu que o setor está passando por um período de desaceleração e precisará se ajustar.

“Durante a pandemia houve uma aceleração rápida. Acho que vamos passar por uma fase em que haverá certa normalização na demanda”, disse Nadella em entrevista no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, no início deste mês. “Teremos que fazer mais com menos – teremos que mostrar nossos próprios ganhos de produtividade com nossa própria tecnologia.”

O Azure tem sido o negócio mais observado da Microsoft há anos e alimentou um ressurgimento da receita desde que Nadella assumiu o comando em 2014 e orientou a empresa em torno do crescente mercado de computação em nuvem, onde compete com Amazon (AMZN), Alphabet (GOOGL), do Google, e outros.

Agora, a Microsoft está recorrendo a aplicativos de inteligência artificial para alimentar mais a demanda do Azure. A receita do serviço Azure Machine Learning mais que dobrou por cinco trimestres consecutivos, disse Nadella.

Mesmo que a Microsoft procure cortar gastos com pessoal e imóveis, a empresa continuará investindo em oportunidades de longo prazo, disse Hood, em entrevista. Como parte de seu foco em inteligência artificial, a companhia anunciou na segunda-feira (23) que aumentará seu investimento na OpenAI.

“Acreditamos fundamentalmente que a próxima grande onda de plataforma será a IA”, disse Nadella na terça-feira. “E também acreditamos fortemente que muito do valor da empresa é criado apenas por ser capaz de pegar essas ondas e, em seguida, fazer com que elas impactem todas as partes de nossa tecnologia, criando novas soluções e oportunidades.”

Segundo ele, é muito cedo para começar a quantificar o que isso significará para a demanda do Azure.

A fabricante de software também planeja continuar gastando para expandir os data centers que fornecem serviços em nuvem.

-- Matéria atualizada às 12h (horário de Brasília) com a abertura dos mercados nos EUA

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