Petrobras reajusta a gasolina em 7,46%, em primeiro aumento no governo Lula

Estatal anunciou que o preço médio do combustível vendido às distribuidoras passará de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro a partir de quarta-feira

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Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) anunciou nesta terça-feira (24) um aumento no preço médio da gasolina vendida para as distribuidoras, que passará de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro. O reajuste de R$ 0,23 vale a partir de quarta-feira (25) e equivale a uma alta de 7,46%. É a primeira alteração nos preços realizada pela Petrobras desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse em janeiro. Antes disso, o último reajuste da estatal tinha sido em 7 de dezembro, quando a empresa cortou o preço médio da gasolina de R$ 3,28 para R$ 3,08.

O anúncio pela estatal ocorre após duas semanas consecutivas de queda dos preços da gasolina na bomba, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo), e em meio a uma discussão sobre uma possível mudança na forma como a Petrobras realiza os reajustes de preços.

O indicado do governo para o cargo de CEO da Petrobras, o senador Jean-Paul Prates, ainda não assumiu a função. Ele ainda aguarda a análise de seu nome nas instâncias de compliance da petroleira. A expectativa é que o conselho de administração aprove a indicação em reunião nesta quinta-feira (26).

“Esse aumento acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio”, informou a estatal de capital misto, em comunicado.

Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,42 a cada litro vendido na bomba, acrescentou a nota.

O presidente Lula e seus assessores econômicos têm sinalizado uma mudança na política de preços da Petrobras. Segurar os reajustes dos combustíveis integra a estratégia de inibir pressões inflacionárias com o efeito cascata do aumento do custo de transportes. Quanto mais os combustíveis sobem, mais os índices de inflação são pressionados e mais distante fica o início do ciclo de baixa dos juros.

Nesta terça-feira, foi divulgado que o IPCA-15 acelerou e subiu 0,55% em janeiro, acima do que o esperado pelo mercado. Economistas ainda projetam cortes da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano, no segundo semestre. Entretanto, já surgem expectativas de que o Banco Central não cortará os juros neste ano, o que traria um impacto negativo para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) e para as promessas da equipe econômica de melhorar os indicadores da economia real.

“Nosso cenário básico é de que o Banco Central não irá cortar a taxa Selic em 2023, mas dependendo da transmissão da inflação de serviços pela PEC da Transição e se a desoneração de combustíveis acabar, acreditamos que há chances significativas de o Copom retomar o ciclo de alta no segundo trimestre”, apontou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, em recente nota.

Na virada de fevereiro para março, acaba a prorrogação da isenção de tributos federais incidentes sobre os combustíveis, anunciado no começo do governo.

O Itaú BBA projetou impacto do anúncio do reajuste no índice oficial de inflação (IPCA) em fevereiro. “O reajuste do preço da gasolina anunciado hoje pela Petrobras adiciona um impacto de 0,20 ponto percentual na nossa projeção do IPCA de fevereiro”, citou a equipe de pesquisa macroeconômica da instituição, em nota enviada aos clientes.

(Atualiza às 11h40 com comentário do Itaú BBA)

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