Bloomberg — A Johnson & Johnson (JNJ) prevê ganhos mais fortes em 2023 do que o esperado por analistas do mercado financeiro, após um ano em que a divisão farmacêutica da companhia sofreu devido à queda na demanda por sua impopular vacina contra a covid-19.
O imunizante contra a covid feito pela empresa, que caiu em desuso após casos de um raro e potencialmente mortal distúrbio de coagulação do sangue, foi um empecilho para os ganhos da divisão farmacêutica no ano passado. As vendas da unidade de medicamentos cresceram 2,3% no acumulado do ano. Sem considerar o imunizante, contudo, a receita cresceu 4,3%.
Não está claro se a J&J continuará a fabricar sua vacina contra a covid nos próximos anos, mas, mesmo assim, dependerá de outros medicamentos para impulsionar o crescimento. A divisão farmacêutica é a maior da empresa, entregando mais da metade de todas as vendas em 2022.
No quarto trimestre, o braço farmacêutico foi a divisão de pior desempenho, com contração de 7,4% das vendas, para US$ 13,16 bilhões, que a companhia atribuiu à vacina da covid-19 e aos efeitos negativos de um dólar mais forte.
No geral, os ganhos ajustados foram de US$ 2,35 por ação, em comparação com as estimativas de US$ 2,23. A receita de US$ 23,7 bilhões ficou um pouco abaixo da estimativa média dos analistas de US$ 23,9 bilhões. Essas vendas trimestrais caíram 4,4% em relação ao ano anterior. A J&J está em processo de separação de sua divisão de consumo.
A empresa pintou um cenário mais otimista para os lucros em 2023, o que foi encorajador para os investidores depois que o CEO Joaquin Duato disse na JPMorgan Healthcare Conference no início deste mês que precisava ser cauteloso em relação a 2023, citando fatores como inflação, custos mais altos e a situação da covid na China.
A empresa previu ganhos ajustados para 2023 de US$ 10,45 a US$ 10,65 por ação, acima da estimativa média dos analistas de US$ 10,35 por ação. A receita para o ano ficará na faixa de US$ 96,9 bilhões a US$ 97,9 bilhões, disse a J&J, enquanto analistas esperavam US$ 98 bilhões.
Essa perspectiva é “encorajadora”, disse John Murphy, analista da Bloomberg Intelligence, e “um bom presságio” para toda a indústria farmacêutica.
“Tendo visto os comentários do CFO Joe Wolk de que a empresa está sendo cautelosa em seu guidance, o foco principal de uma recomendação provavelmente recairá sobre o que impulsiona essa cautela e se a pressão de margem pode diminuir no final do ano”, disse Murphy.
As ações recuavam cerca de 1% nesta terça-feira (24) por volta das 11h10 (horário de Brasília), antes da abertura das bolsas em Nova York. Em 2022, os papéis avançaram 3,3%.
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