Microsoft inicia resultados de techs, que devem ter maior queda desde 2016

Empresas do setor que estão no S&P 500 devem divulgar redução de 9,2% nos lucros do 4º tri na base anual, o que levaria a nova reprecificação das ações

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Bloomberg — O índice Nasdaq 100, um termômetro do interesse do investidor por ações do setor de tecnologia, entra em período crucial nesta semana diante de um cenário sombrio de lucros em queda.

A Microsoft (MSFT) inicia a divulgação dos resultados das big techs, as gigantes de tecnologia, nesta terça-feira (24), uma semana depois de ter se unido à Amazon (AMZN) na rodada de cortes de milhares de empregos neste começo de ano em razão da desaceleração das vendas. A Alphabet (GOGL), controladora do Google, também anunciou seus planos para reduzir a força de trabalho.

IBM (IBM) e Tesla (TSLA) divulgam seus resultados na quarta (25), e a Intel (INTC), na quinta (26).

Analistas de Wall Street têm cortado as estimativas de ganhos há meses para as empresas do setor de tecnologia e os dados do quarto trimestre devem ser o maior obstáculo para o desempenho do S&P 500 nas próximas semanas, mostram dados compilados pela Bloomberg Intelligence.

O perigo para os investidores, no entanto, é que os analistas ainda se mostrem otimistas demais, com a demanda por produtos do setor desmoronando à medida que a economia esfria.

“A tecnologia está impulsionando grande parte do cenário de recessão refletido nos lucros que estamos vendo no S&P 500”, disse Michael Casper, estrategista de ações da Bloomberg Intelligence. “Embora haja muito precificado nessa previsão, dependendo se essa recessão surgir e quão ruim ela for, certamente ainda há algum risco de revisão negativa para o setor.”

Empresas como Texas Instruments, Lam Research e Intel também divulgarão seus resultados na semana que começa. Apple (AAPL), Alphabet e Meta (META) anunciam na semana que vem.

O grupo exerce grande influência sobre o mercado como um todo, com a tecnologia da informação respondendo por mais de 25% da capitalização de mercado do S&P 500.

Os ganhos do quarto trimestre para empresas de tecnologia no índice que é o benchmark das bolsas americanas devem cair 9,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, a queda mais acentuada desde 2016, mostram dados compilados pela Bloomberg Intelligence. A velocidade da deterioração do sentimento é notável: três meses atrás, Wall Street viu os lucros se estabilizarem.

O crescimento da receita dessas empresas está diminuindo em relação aos últimos dois anos, quando a pandemia e os bloqueios subsequentes impulsionaram as vendas de quase tudo, desde serviços digitais a computadores pessoais e os componentes que os alimentam.

Mas, agora, o cenário inclui custos mais altos que também estão comprimindo os lucros.

Valuations causam preocupação

A preocupação, no entanto, é que as ações - e os valuations, por tabela - ainda estão longe de serem consideradas baratas, apesar da queda de 33% no Nasdaq 100 no ano passado.

E mais cortes nas estimativas de lucros só fariam com que parecessem mais caras. O múltiplo caiu para 17,7 em 2020 e para 11,3 em 2011, após a recessão que terminou em 2009.

Ainda assim, na visão de Sameer Bhasin, diretor da Value Point Capital, a maioria das más notícias já foi precificada pelo mercado. Ele prevê que as estimativas de lucro do primeiro trimestre podem cair ainda mais, mas afirmou que alguns dos temores são exagerados.

“A tecnologia não está sofrendo com um problema de demanda da indústria, está sofrendo mais com a digestão dos excessos que foram construídos durante a pandemia”, disse ele. “Há dinheiro à margem que está esperando para ser colocado de volta no setor.”

Há analistas que prevêem que os lucros das empresas de tecnologia voltarão a crescer na segunda metade do ano, mostram dados compilados pela Bloomberg Intelligence. Isso tornará as perspectivas dos executivos para o ano todo ainda mais críticas para as ações.

À medida que os ganhos aumentem nas próximas semanas, se isso acontecer, os investidores terão muitos riscos para monitorar.

Entre eles está a possibilidade de que a inflação se mostre mais arraigada do que muitos esperam, bem como o efeito de taxas de juros mais altas sobre os lucros, disse Nick Getaz, gerente de portfólio do Franklin Rising Dividends Fund.

“A política monetária tem um atraso [para surtir efeito] e provavelmente ainda estamos na janela disso”, disse. “Não vimos o impacto nos lucros que você esperaria ver com os aumentos das taxas.”

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