Brasil quer financiar importadores argentinos após perder espaço para a China

Financiamento seria feito por bancos públicos e privados no Brasil e coberto por garantias de empréstimos de ambos os governos, fontes disseram à Bloomberg News

Outro plano para impulsionar o comércio bilateral é a criação de uma unidade de câmbio comum para evitar o dólar no comércio bilateral
Por Martha Beck e Daniel Carvalho
23 de Janeiro, 2023 | 01:50 PM

Bloomberg — O Brasil pretende financiar importadores argentinos interessados em comprar seus produtos em uma tentativa de recuperar a participação de mercado perdida para a China, segundo duas pessoas a par do assunto, conforme a Bloomberg News.

O programa, que deve ser anunciado nesta segunda-feira (23) durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Buenos Aires, é uma das medidas em estudo para impulsionar o comércio entre as duas maiores economias da América do Sul.

O financiamento de empresas argentinas seria feito por bancos públicos e privados no Brasil e coberto por garantias de empréstimos de ambos os governos, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque a discussão não é pública. Além disso, a Argentina teria que fornecer ativos líquidos, como contratos de commodities, como garantia antes que os empréstimos fossem liberados, disse uma das pessoas.

O Brasil perdeu a posição de principal parceiro comercial da Argentina para a China em 2019, quando a nação asiática implementou o mesmo tipo de financiamento à exportação que está sendo discutido agora pelas nações sul-americanas. Em 2022, o Brasil teve um superávit comercial de US$ 2,2 bilhões com seu vizinho do sul.

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O valor do financiamento a ser oferecido pelo Brasil ainda não foi definido, disse uma das pessoas, e dependerá da demanda das empresas argentinas e de sua capacidade de oferecer garantias.

‘Moeda comum’

Outro plano para impulsionar o comércio bilateral é a criação de uma unidade de câmbio comum para evitar o dólar no comércio bilateral - uma ideia que Lula e seu homólogo Alberto Fernandez descreveram como uma “moeda comum” e que os dois países tentaram e falharam em implementar por décadas.

O Brasil não tem intenção de avançar para uma integração monetária total, disse uma das pessoas, acrescentando que a ideia se limitaria ao comércio bilateral.

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