Lemann, Telles e Sicupira falam pela 1º vez sobre Americanas: ‘nós não sabíamos’

Trio de empreendedores que são os principais acionistas da empresa há 40 anos se manifesta em nota e diz que lamenta perdas de investidores e credores

A partir da esq., Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, que são os principais acionistas da Americanas (Divulgação)
22 de Janeiro, 2023 | 08:41 PM

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Bloomberg Línea — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira quebraram o silêncio e se manifestaram pela primeira vez desde a revelação do rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões na Americanas (AMER3), há 11 dias.

Em nota pública distribuída na noite deste domingo (22), o trio de empreendedores que controlou a Americanas por quatro décadas e que permanece como principal acionista negou que tivesse conhecimento das práticas que levaram a empresa a pedir recuperação judicial na última quinta-feira (19), em meio a uma batalha legal com bancos credores.

“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia”, escrevem Lemann, Telles e Sicupira na nota assinada.

No pedido de recuperação judicial, a Americanas assume uma dívida estimada em R$ 43 bilhões, com 16.300 credores, em um dos maiores escândalos corporativos da história do país.

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A revelação do caso com valores tão elevados e a avaliação do então CEO Sergio Rial e de outros especialistas de que a prática - que consistia em não contabilizar empréstimos de fornecedores que bancos assumiram como dívida bancária - já vinha de alguns anos levantaram no mercado suspeitas de que o trio tivesse conhecimento de alguma forma.

Ao longo das últimas décadas, Lemann, Telles e Sicupira construíram a reputação de alguns dos empreendedores mais preparados do mundo dos negócios, erguendo o império do maior grupo de cervejas do mundo, a AB InBev (BUD), além de assumir o controle de gigantes globais como a Kraft (KHC) e o Burger King (QSR).

Veja a seguir a íntegra da nota:

“No dia 11 de janeiro de 2023, por meio de “fato relevante”, a Americanas S.A. tornou pública a existência de significativas inconsistências em sua contabilidade. Desde então, sempre com transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à empresa.

Usamos dessa mesma clareza para esclarecer de modo categórico e a bem da verdade que:

1) Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.

2) A Americanas é uma empresa centenária e nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada.

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3) Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade.

4) Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.

5) O comitê independente da companhia terá todas as condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.

6) Manifestamos mais uma vez nosso compromisso de integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.

7) Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos.

8) Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.”

- Em atualização.

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