Bloomberg Línea — O ano que começou tem diferentes desafios no nível macroeconômico e, em particular, para o investimento em ações na América Latina e no mundo.
Relatórios recentes dos principais estrategistas do Morgan Stanley (MS), do Goldman Sachs (GS) e de outros bancos advertiram que as ações enfrentarão novos declínios no primeiro semestre de 2023, à medida que os lucros das empresas vão sucumbir ao crescimento econômico mais fraco e à inflação ainda alta.
Mas o segundo semestre marcaria uma recuperação, uma vez que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, deixaria de aumentar as taxas de juros.
Nesse contexto, a Bloomberg Línea selecionou dez empresas latino-americanas, com base em sua capitalização de mercado, e reuniu a avaliação de analistas que acompanham seu desempenho nos mercados de ações.
Veja abaixo as recomendações de analistas consultados (para compra, manutenção ou venda das ações), além do preço projetado para os próximos doze meses, com a ressalva de que as informações não devem ser consideradas uma recomendação específica de investimento:
1. Vale
A Vale (VALE3) produz e vende minério de ferro, pelotas, manganês, ligas, ouro, níquel, cobre, caulim, bauxita, alumina, alumínio e potássio. No Brasil, possui e opera ferrovias e terminais marítimos. Pode se beneficiar da retomada da economia chinesa, que pode ampliar a demanda por minério de ferro.
No encerramento da bolsa em 17 de janeiro, a empresa tinha capitalização de mercado de US$ 86,4 bilhões, a mais alta deste grupo de empresas selecionadas.
Para 66,7% dos analistas consultados pela Bloomberg, os investidores devem comprar ações da Vale, enquanto 33,3% recomendam a posse e nenhum deles recomenda a venda das ações.
Para 16 dos 25 analistas que fizeram suas recomendações, o preço-alvo da ação em 12 meses é de R$ 93,77, com um potencial de retorno de 1,5%.
2. Petrobras
A Petrobras (PETR3, PETR4) é uma das maiores petrolíferas das Américas e deve passar por mudanças profundas no governo Lula, com redução dos lucros e da distribuição de dividendos em detrimento de investimentos em refinarias e outras áreas, como energias renováveis.
A estatal de capital misto refina, comercializa e fornece produtos derivados do petróleo. Além disso, também opera petroleiros, oleodutos de distribuição, terminais marítimos, fluviais e lacustres, usinas térmicas, fábricas de fertilizantes e unidades petroquímicas na América do Sul e em outros locais do mundo.
Com um valor de mercado de US$ 70,2 bilhões, 58,8% dos analistas estão inclinados a manter as ações e 11,8% recomendam a venda. E 29,4% pensam que os investidores devem comprar ações.
No consolidado, 18 dos 21 analistas consultados pela Bloomberg acreditam que as ações poderiam atingir o valor de R$ 35,40 nos próximos 12 meses.
3. Walmart de México
A Wal-Mart de México (WALMEX), unidade do grupo americano no país vizinho, vende alimentos, roupas e outros produtos em uma variedade de formatos de loja. A empresa opera supermercados Walmart, lojas de atacado Sam’s Club, lojas de desconto Bodegas e supermercados Superama.
Entre as recomendações dos analistas, a maioria está inclinada a comprar ações (52,4%), um grupo menor a manter as ações (38,1%) e uma minoria indica a venda (9,5%). O valor de mercado atual do Walmart de México é de US$ 67 bilhões.
Dos 24 analistas consultados, 21 previram um preço-alvo de 12 meses de 81,38 pesos mexicanos para a ação, com um potencial de retorno de 13,3%.
4. América Móvil
A America Móvil (AMXL) fornece serviços de telecomunicações e de voz sem fio e fixos, como banda larga e serviços locais, nacionais e internacionais de longa distância.
A empresa, que é a principal fornecedora de telecomunicações da América Latina, fecha o top 3 do ranking com uma valor de mercado de US$ 65,5 bilhões, de acordo com a Bloomberg.
O consenso dos analistas indica que o preço-alvo da ação em 12 meses é de 21,25 pesos mexicanos , com um potencial de retorno de 9,5%.
5. Southern Copper
A Southern Copper (SCCO) dirige operações de mineração no Peru e no México e possui minas a céu aberto e complexos metalúrgicos que produzem cobre, molibdênio, zinco e metais preciosos.
O preço das ações da empresa em sua cotação nos EUA pode cair para US$ 55,58 nos próximos 12 meses, de acordo com 17 dos 23 analistas pesquisados pela Bloomberg. Isso se traduz em um retorno negativo de -26,9%.
Além disso, da seleção apresentada neste artigo, é a empresa com que mais tem recomendação de venda (52,6%) entre o consenso dos analistas.
6. MercadoLivre
O MercadoLivre (MELI) opera a maior plataforma de e-commerce para os mercados da América Latina, mas principalmente no Brasil, no México e na Argentina. Permite que pessoas físicas e jurídicas anunciem itens, comprem e vendam on-line no formato de leilão ou com preço fixo e oferece serviços financeiros para rentabilizar e acelerar os negócios por meio do Mercado Pago.
Para as ações listadas na Nasdaq, nos EUA, a recomendação de compra está presente para 88% dos analistas, enquanto outros 12% recomendam manter as ações e nenhum deles recomenda a venda.
Dos 30 analistas, 22 que deram sua opinião sobre o preço da ação e apontam que o preço atingirá US$ 1.238,66 nos próximos 12 meses, com um potencial retorno de 17,2%.
7. Itaú Unibanco
O Itaú Unibanco (ITUB4) é o maior banco do Brasil com ampla gama de produtos e serviços oferecidos. O banco tem mostrado resiliência e capaz de tomar proveito do ambiente de juros altos e maiores spreads na concessão de crédito, embora a alta da inadimplência seja um ponto de atenção.
O banco brasileiro poderia atingir um preço por ação de R$ 32,31 em um ano, e 75% dos analistas estão inclinados a comprar ações a julgar por suas recomendações.
8. Ambev
A Ambev (ABEV3) tem como atividade principal a produção e a distribuição de cerveja. Também atua no negócio de refrigerantes, bebidas não-alcoólicas e não carbonatadas com marcas próprias. Possui direitos exclusivos de engarrafamento e distribuição dos produtos Pepsi CSD no Brasil.
57,9% dos analistas recomendam a compra de ações da Ambev, enquanto 10,5% estão inclinados a vender, uma diferença significativa para uma empresa com uma capitalização de mercado de US$ 42 bilhões.
Um sinal de alerta é um possível contágio do caso de escândalo contábil da Americanas (AMER3), uma vez que os principais acionistas das duas companhias são os mesmos: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
O contágio hipotético poderia se dar pela descoberta eventual de práticas contábeis na companhia ou pela desconfiança de investidores a esse respeito. Mas não há nada concreto até aqui.
9. Grupo México
O Grupo México (GMEXICOB) extrai, processa e comercializa cobre, prata, ouro, molibdênio, chumbo e zinco. Tem concessões para operar as linhas ferroviárias Pacifíco-Norte e Chihuahua-Pacífico e opera minas de cobre a céu aberto, minas subterrâneas, minas de carvão, fundições de cobre, uma usina de aço, uma instalação de barras e uma refinaria de metais preciosos através de subsidiárias.
Para 21 dos 23 analistas, o preço-alvo de 12 meses para a ação será de 89,45 pesos mexicanos, com um potencial retorno de 13,6%.
10. WEG
A WEG (WEGE3) fabrica e distribui máquinas industriais de setores com demanda em alta. Seus produtos incluem motores elétricos, transformadores de eletricidade e distribuição, motores grandes, motores de corrente contínua, geradores, ignições, controladores programáveis, painéis elétricos e componentes elétricos, e a empresa oferece serviços de reparo e suporte técnico.
A empresa brasileira tem capitalização de mercado de US$ 31,5 bilhões e projeta-se que o preço das ações poderá chegar a R$ 44,82, com 66,7% dos analistas recomendando a compra.
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