Bloomberg Línea — O Magazine Luiza (MGLU3), o Mercado Livre (MELI34) e a Via (VIIA3) devem ser os principais players beneficiados com a grave crise e o pedido de recuperação judicial da Americanas (AMER3), que sofre com limitação de capital para as operações do dia-a-dia. É o que aponta um relatório do Citi (C).
Analistas do Citi prepararam um modelo preliminar que avalia diferentes variáveis para estimar o comportamento de usuários no e-commerce brasileiro em caso de desaparecimento da Americanas, uma hipótese ainda distante, mas possível diante do risco de falência caso o seu plano de reestruturação sob recuperação judicial não seja aprovado pelos credores.
Eles afirmam que, segundo dados do SimilarWeb, que mede o tráfego na internet, 78,4% dos usuários que fazem compras na Americanas também compram no Mercado Livre - o chamado overlap -, enquanto 58,4% compram no Magazine Luiza. A Amazon (AMZN), por sua vez, tem uma sobreposição de 40,4% com a Americanas — ainda maior que o da Via, que é de 37,2%.
Segundo os analistas do banco, diante desses dados, é provável que o volume bruto de mercadorias transacionadas (GMV, na sigla em inglês) do Magalu cresça 18%, seguido por um crescimento de 15% da Via e de 11% do Mercado Livre - que acaba sendo menos favorecido em termos percentuais por se tratar do líder do mercado nacional, com cerca de 35% de market share em 2022.
O tráfego dos três sites também deve crescer, com menos pessoas entrando no site da Americanas e migrando suas compras para uma das outras opções.
Em market share, o benefício maior de uma hipotética saída da Americanas por completo do mercado ficaria com o Mercado Livre, que chegaria a uma fatia de 40,3%, seguido por Magazine Luiza, com 19,4%, e Via, com 9%. Outros varejistas teriam 31,3% de forma pulverizada.
A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial (RJ) na quinta-feira (19), com uma dívida estimada de R$ 43 bilhões e 16.300 credores.
O pedido de RJ ocorreu oito dias após o anúncio de renúncia do CEO da varejista, Sergio Rial, que apontou “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nas contas da empresa.
- Com a colaboração de Sérgio Ripardo.
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