Banco do Brasil: O que está por trás da recuperação das ações em janeiro

Papéis do banco acumulam valorização de 12% no mês até o dia 19, um desempenho mais alto do que as ações de outras grandes instituições financeiras

Instituição teve a segunda melhor rentabilidade do setor bancário no 3º trimestre de 2022
20 de Janeiro, 2023 | 09:41 AM

Bloomberg Línea — A ação do Banco do Brasil (BBAS3) acumula valorização de 12% em janeiro, acima do desempenho do Ibovespa (IBOV), de 2,90%, recuperando as perdas do fim do ano passado. O papel havia despencado da casa dos R$ 37 para R$ 31 entre a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no fim de outubro, e o fim de dezembro. Agora, se aproxima da marca de R$ 40, depois de fechar o pregão de quinta-feira (20) em R$ 39,11. No mesmo período em janeiro, as ações do Itaú (ITUB4) tiveram alta de 8,49%, enquanto as units do Santander (SANB11) subiram 6,41%, e os papeis do Bradesco (BBDC4) se valorizaram 0,88%.

Por trás da reação do papel do BB, há um certo alívio dos investidores com a composição do novo comando do banco mais antigo do Brasil e com o futuro dos dividendos pagos aos acionistas. “Reforçamos nossa recomendação de compra para BBAS3″, disse a Benndorf, casa de research, em nota enviada aos clientes.

O comentário vem após o BB anunciar a indicação de Carla Nesi para o cargo de vice-presidente de negócios de varejo, de Felipe Guimarães Geissler Prince para vice-presidente de controles internos e gestão de riscos e de Marisa Reghini Ferrira para vice-presidente de negócios digitais e tecnologia.

“Vemos os nomes indicados com bons olhos, uma vez que todos são funcionários de carreira do banco e possuem grande experiência dentro da instituição, o que sinaliza a continuidade da antiga gestão”, apontou a casa de research.

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Aprovação do ‘payout’ traz alívio

A equipe da Benndorf segue considerando que um dos principais riscos da tese de investimentos no BB é a interferência estatal. Na quinta-feira à noite, o BB informou que o seu conselho de administração aprovou “payout” (percentual do lucro distribuído) de 40% para 2023. O percentual é acima do mínimo permitido (25%).

A instituição financeira vai remunerar os acionistas em quatro pagamentos ao longo dos trimestres de referência, de forma antecipada, e outros quatro pagamentos complementares.

Desde o início de novembro, a ação do BB sofria quedas diárias expressivas, acompanhando outros papéis de estatais, como Petrobras (PETR4, PETR3), com alguns analistas alertando para o risco de redução do “payout” diante do discurso do governo eleito de reduzir a remuneração de acionistas.

No fim de 2022, o governo eleito anunciou Tarciana Medeiros para o cargo de CEO. Desde 2021, ele era executiva na diretoria de clientes PF e MPE, na gerência executiva de ciclos de relacionamento com clientes, onde era responsável pelo b-commerce do BB.

Em 2022, até o terceiro trimestre, o BB pagou R$ 8,5 bilhões em dividendos após ter registrado a segunda maior rentabilidade do setor bancário, com ROE atingindo 21,8%, abaixo dos 22% do BTG Pactual (BPAC11).

O balanço do quarto trimestre está previsto para ser divulgado no próximo dia 14 de fevereiro, antes da abertura do pregão da B3.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.