Ação da Americanas chega a virar ‘penny stock’ com recuperação judicial

Papel sai a R$ 0,99 no primeiro leilão na bolsa brasileira um dia após obter proteção contra credores na Justiça de forma definitiva (por 180 dias pelo menos)

Por

Bloomberg Línea — Depois de ter alcançado uma cotação acima de R$ 35,00 no ano passado, a ação da Americanas (AMER3) chegou a se tornar uma “penny stock” (preço abaixo de R$ 1) nesta sexta-feira (20) um dia após entrar em recuperação judicial (RJ) com uma dívida estimada em R$ 43 milhões. No início das negociações, o papel foi negociado a R$ 0,99, queda de 1% em relação ao fechamento de ontem (R$ 1).

Por volta das 11h15, o papel já se recuperava e era negociado a R$ 1,17, com alta de 17%.

As principais atualizações sobre o caso Americanas nesta manhã são:

  • Subiu para 7 o número de processos administrativos abertos na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para investigar as suspeitas de irregularidades no caso do rombo de R$ 20 bilhões;
  • O grupo divulgou, ontem à noite, a íntegra do diferimento (aceite) do pedido de recuperação pelo juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro; a empresa obtém proteção contra credores por pelo menos 180 dias, em prazo prorrogável;
  • O ex-CEO Migue Gutierrez está na Espanha, divulgou o Valor Econômico. Ele comandou a Americanas por 30 anos e ocupava o cargo antes de Sergio Rial, que revelou o rombo;
  • As ações da Americanas serão excluídas de 14 índices da B3 após o fechamento do pregão desta sexta-feira, como determinam as regras da Bolsa para companhias em RJ;
  • A CVM informou que agências de classificação de risco (rating) e coordenadores de ofertas públicas da Americanas serão investigados. Uma força-tarefa foi montada para a apuração;
  • O BV (ex-Banco Votorantim) respondeu que não comentará a petição de RJ da Americanas, que citava que a instituição “usurpou ilicitamente” recursos da companhia.

O caso da Americanas se tornou a quarta maior recuperação judicial da história corporativa do país, somando R$ 43 bilhões em dívidas e cerca de 16.300 credores, segundo o levantamento dos escritórios Lara Martins Advogados e Mingrone e Brandariz Advogados. Veja a seguir:

  1. Odebrecht: R$ 80 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2019, ainda em aberto.
  2. Oi: R$ 65 bilhões em dívidas. Recuperação finalizada em 2022, após seis anos.
  3. Samarco: R$ 55 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2021, ainda em processo.
  4. Americanas: R$ 43 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2023.
  5. Sete Brasil: R$ 19 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2016, ainda em processo.
  6. OGX: R$ 12,3 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2014 e finalizada em 2017.

Com a Americanas em recuperação judicial, aumenta a lista de companhias com ações na B3 listadas sob o título de “Recuperação Judicial”. Atualmente, são 18 companhias em RJ na bolsa brasileira.

Até o fechamento de ontem, oito ações foram negociadas na B3 valendo menos de R$ 1, segundo levantamento da Economática: PDG Realty (PDGR3), da área de incorporação imobiliária e em recuperação judicial, era a “penny stock” mais barata (R$ 0,14), seguida por Nexpe (NEXP3) a R$ 0,29, Viver (VIVR3) a R$ 0,49, Recrusul (RCSL4) a R$ 0,60, João Fortes (JFEN3) a R$ 0,68, Tecnosolo (TCNO4) a R$ 0,85, Triunfo Participações (TPIS3) a R$ 0,90 e Westwing (WEST3) a R$ 0,91. Ontem fecharam a R$ 1 as ações de Americanas, Bombril (BOBR3) e Enjoei (ENJU3).

(Atualiza às 13h10 com levantamento da Economática)

Leia também

‘Hoje é melhor deixar o dinheiro no CDI do que investir’, diz CEO do GetNinjas

Nova CFO da Americanas pagou R$ 1,38 milhão para encerrar processos na CVM