Bloomberg — A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira (19) que a inflação continua muito elevada na zona do euro e garantiu que os formuladores de política monetária não desistirão dos esforços para levá-la à meta.
“A inflação, seja qual for a maneira como você olhe para ela, está muito alta”, disse Lagarde a um painel em Davos, durante sua participação no Fórum Econômico Mundial. “Seguiremos a trajetória [de aperto monetário] até que tenhamos entrado em território restritivo por tempo suficiente para podermos devolver a inflação a 2% em tempo hábil.”
Como a alta de preços na zona do euro começa a perder força e os custos do gás natural estão em queda, muitos dirigentes consideram se um aumento menor das taxas de juros poderia ser apropriado após um novo aumento de 0,50 ponto porcentual previsto para fevereiro, segundo pessoas próximas do tema consultadas pela Bloomberg.
Mas com o núcleo da inflação do bloco atingindo um novo recorde em dezembro e a economia se mantendo mais aquecida do que o previsto após a guerra da Rússia contra a Ucrânia, muitas autoridades continuam empenhadas em avançar com o aperto monetário para garantir que o pico de preços mais acentuado da era do euro seja vencido.
Os membros do colegiado do BCE, François Villeroy de Galhau e Klaas Knot reiteraram em Davos que as observações de Lagarde feitas no mês passado sobre a necessidade de ajustes da taxa básica em 0,50 ponto porcentual no curto prazo, continuam válidas.
Lagarde, em 15 de dezembro, disse: “Portanto, continuaremos com isso a um ritmo constante. Com base nas informações que temos disponíveis hoje, prevê-se outro aumento da taxa de 50 pontos-base em nossa próxima reunião, e possivelmente na seguinte, e possivelmente na posterior. Mas tudo também será determinado pela revisão dos dados. Portanto, não suponhamos que será só um aumento de 50 pontos-base; é mais do que isso”.
“A maior parte do terreno que temos que enfrentar será coberto a um ritmo constante de múltiplos aumentos de 50 pontos-base”, disse Knot à CNBC na quinta-feira, alertando que os investidores podem estar subestimando o compromisso do BCE com a redução da inflação. “Não vai parar depois de uma única alta de 50 pontos - isso é certo”, disse Knot.
Sobre a economia da zona do euro, Lagarde disse que uma “pequena contração” agora é mais provável do que uma recessão. “As notícias se tornaram mais positivas nas últimas semanas”, disse ela. “Não é um ano brilhante, mas é muito melhor do que temíamos”.
Apesar da perspectiva mais positiva, o diretor-executivo do Deutsche Bank AG, Christian Sewing, concorda que a inflação deve ser combatida e não vê perigo de o BCE endurecer demais a política monetária. “Embora concorde com todos os comentários de que há mais otimismo na economia, os problemas subjacentes que temos na Europa - inflação alta e também a necessidade de algumas outras reformas estruturais - não desapareceram”, disse ele no mesmo painel do Fórum. “Também precisamos observar que tipo de impacto a abertura da China tem sobre nossa inflação.”
A alta dos preços continua sendo uma preocupação também para o primeiro-ministro holandês Mark Rutte. “Minha preocupação é mais sobre o assunto anterior, a inflação combinada com as perspectivas de baixo crescimento a longo prazo para a Europa”, disse ele no painel.
-- Com colaboração de Craig Stirling, Steven Arons, Jorge Valero e Jasmina Kuzmanovic.
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