Gestores veem ambiente ruim para o mercado brasileiro e temem revisão de lucros

Pesquisa do Bank of America mostra que 47% dos estrategistas entrevistados esperam cortes nas estimativas de ganhos das empresas, ante 35% no mês passado

Maioria dos gestores consultados veem o Ibovespa encerrando o ano negociado entre 110 mil e 130 mil pontos
18 de Janeiro, 2023 | 03:42 PM

Bloomberg Línea — O mercado acionário brasileiro precifica um ambiente ruim e mais gestores deverão revisar para baixo suas expectativas de lucros para as companhias. É o que mostra uma nova pesquisa do Bank of America (BAC) com gestores de fundos de investimento na América Latina.

Intitulada “Latam Fund Manager Survey”, a pesquisa, feita no início deste mês de janeiro, mostra que 47% dos entrevistados esperam revisões para baixo nos ganhos, ante 35% no mês passado e quase ninguém há dois meses.

Entre os demais entrevistados, cerca de 35% esperam estabilidade nos ganhos das companhias e cerca de 15% têm expectativa de revisões para cima.

Assim como no levantamento de dezembro, a maioria dos gestores consultados pelo BofA veem o Ibovespa (IBOV) encerrando o ano negociado entre 110 mil e 130 mil pontos. O patamar implica potencial de alta de 16,7% ante o fechamento do pregão de terça-feira (17).

PUBLICIDADE

Na avaliação dos gestores consultados, um melhor arcabouço fiscal e uma reforma tributária faria com que os investidores ficassem mais construtivos com as ações no Brasil.

Com relação à taxa Selic, o percentual de entrevistados que vê a taxa básica encerrando o ano no patamar atual, de 13,75% ao ano, subiu de cerca de 25%, no levantamento anterior, para um pouco mais de 30% este mês.

A maioria dos gestores consultados pelo BofA espera um início dos cortes nos juros entre o terceiro trimestre de 2023 e o primeiro de 2024.

Já para o Produto Interno Bruto (PIB), os gestores consultados pelo banco americano estimam crescimento de até 1% da atividade brasileira em 2023.

América Latina

Entre as maiores posições overweight (acima da média do mercado) estão o setor financeiro e o de energia. Os gestores na América Latina, contudo, estão mais underweight (abaixo da média do mercado) no setor de telecomunicações e consumo discricionário.

Já a preferência dos investidores consultados recai sobre empresas de valor e aquelas consideradas “de alta qualidade”, bem como exportadoras e com exposição às commodities.

Ainda de acordo com o levantamento do BofA, 13% dos entrevistados estão assumindo um risco acima do normal (abaixo da média histórica de 22%), enquanto 47% estão se protegendo contra uma queda acentuada nos mercados de ações.

PUBLICIDADE

Entre os maiores riscos para a América Latina estão os contextos políticos na região e os juros mais altos nos Estados Unidos, segundo o relatório.

O estudo conduzido pelo Bank of America foi realizado neste início de janeiro e contou com a participação de 32 gestores, que somam cerca de US$ 86 bilhões sob gestão.

Leia também

Bônus cairão ‘com certeza’, diz co-head de investment banking do JPMorgan

Microsoft planeja cortar 10 mil empregos em mudança que custará US$ 1,2 bilhão

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.