Bloomberg Línea — Sergio Rial, ex-CEO da Americanas (AMER3), quebrou o silêncio sobre as “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões, em um dos mais rumorosos casos da história corporativa do país.
Em post no LinkedIn nesta manhã de terça-feira (17), o executivo rebate as suspeitas que circulam no mercado nos últimos dias de que ele já tinha conhecimento das “inconsistências” antes mesmo de assumir o cargo em 2 de janeiro - ele foi originalmente anunciado como CEO em agosto do ano passado.
Rial descreveu o processo que adotou ao chegar formalmente à empresa e disse que só então, a partir da conversa com executivos remanescentes e investigações que ele e o então CFO André Covre fizeram, “chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade! Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia.”
A mensagem de Rial é a terceira manifestação que vem a público desde a divulgação do fato relevante ao mercado no fim do dia da última quarta-feira (11). No dia seguinte, ele participou de uma conferência presencial com investidores e analistas em São Paulo, organizada pelo BTG Pactual (BPAC11), com transmissão limitada pela internet.
No mesmo dia, à tarde, gravou um vídeo com pouco mais de dez minutos em que resume as tais inconsistências contábeis e explica como chegou à sua descoberta.
O post contava com 2.900 engajamentos (como curtidas) e mais de 100 comentários cerca de duas horas depois da publicação.
Veja abaixo a íntegra do post:
“Tenho feito várias reflexões sobre a minha rápida passagem pela liderança das Americanas, algumas das quais compartilho com vocês.
A liderança das Americanas, projetava diversos desafios inerentes a uma empresa de varejo chegando aos seus 100 anos. Na pauta de objetivos estava um projeto de crescimento onde consumidor, tecnologia, marketing, entre outras competências se entrelaçavam. Foi esse o meu propósito, a minha motivação ao aceitar a posição que os acionistas me confiaram: agregar minha experiência profissional e reoxigenar o legado em prol do desenvolvimento da companhia.
Nesses breves nove dias como presidente, os desafios e os ensinamentos, contudo, foram outros, mas extremamente importantes.
Coube-me, como executivo-líder, primeiro entrevistar executivos remanescente, questionar e entender quaisquer preocupações e novas perspectivas. Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade! Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia.
Portanto, com a conclusão do diagnóstico inicial, surgiu a necessidade premente de correção de rota. E essa correção partiu da transparência e do apoio incondicional que recebi do CA [Conselho de Administração] e dos acionistas de referência. Aqui, minha segunda reflexão: ser líder não é ser corajoso, mas ser responsável e ético; não é ser herói ou heroína, mas ter a resiliência para defender a verdade e fazer o que é certo.
Quanto à minha saída, ela decorre do entendimento da necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida totalmente distinto do que eu esperava encontrar. É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance. Essa é a minha terceira reflexão. Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitações, experiência, seriedade e transparência, seguindo sempre as premissas que nortearam toda minha trajetória profissional e pessoal.
São lições profundas de governança, autenticidade e coerência que esses nove dias escreveram na minha história.”
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