Bloomberg — Despesas mais altas e uma queda nas negociações prejudicaram os resultados trimestrais de dois dos principais bancos de investimento de Wall Street, com as ações do Goldman Sachs (GS) afundando em meio à preocupação de que a situação não melhore tão cedo. O resultado do Morgan Stanley (MS) foi menos sombrio e as ações ganharam terreno nas negociações pré-mercado.
As taxas do banco de investimento do Goldman caíram quase pela metade durante os últimos três meses de 2022 em relação ao ano anterior, e a carteira de novos negócios encolheu em comparação com o terceiro trimestre, informou a empresa em comunicado na terça-feira (17).
Em simultâneo, os custos dispararam, impulsionados pelas indenizações, e o banco com sede em Nova York destinou mais recursos para cobrir empréstimos que poderiam dar errado. Isso deixou o lucro líquido abaixo de 69% em relação ao ano anterior, com uma queda de 16% na receita.
O lucro líquido do Morgan Stanley caiu quase 40% em relação ao ano anterior devido à queda na receita, já que as despesas não relacionadas a juros ficaram acima do esperado e as negociações não atingiram as estimativas.
Mas os resultados gerais do banco com sede em Nova York foram melhores do que os analistas esperavam, com força particular na gestão de patrimônio, onde o Morgan Stanley se beneficiou de uma receita líquida de juros mais alta à medida que o Federal Reserve (Fed) elevou as taxas.
Despesas crescentes
“Amplamente esperados como péssimos, os resultados do quarto trimestre do Goldman Sachs foram ainda mais miseráveis do que o previsto”, disse Octavio Marenzi, executivo-chefe da Opimas. “O verdadeiro problema está no fato de que as despesas operacionais dispararam 11%, enquanto as receitas caíram. Isso sugere fortemente que mais cortes de custos e demissões virão”.
“O Morgan Stanley, por outro lado, teve resultados muito em linha com as expectativas, com fraqueza no banco de investimento, mas estável em outros lugares”, disse Marenzi.
Executivos do Morgan Stanley pregam confiança em 2023, na esperança de que seu modelo de negócios evite ser pego em qualquer tensão no mercado de consumo, enquanto uma recuperação nos preços dos ativos e na atividade do mercado de capitais seria uma bênção para a empresa.
“Tivemos um começo de ano saudável”, disse o diretor financeiro Sharon Yeshaya em entrevista. “Muito disso depende das perspectivas econômicas e se vimos um pico na inflação e um pivô de política.”
Cortes de trabalho
O banco tem estado atento às pressões de custo. Em dezembro, iniciou uma nova rodada de cortes de empregos que afetou cerca de 1.600 funcionários, ou cerca de 2% de sua força de trabalho total.
Embora o movimento represente uma ação muito menor do que no Goldman, serve como outro indicador da perspectiva cautelosa de Wall Street à medida que uma possível recessão nos EUA se aproxima.
Os custos de remuneração do Goldman no quarto trimestre aumentaram 16% em relação ao ano anterior, embora esse indicador tenha caído em uma base anual.
Isso indica que a liderança do banco foi muito conservadora com sua reserva de remuneração nos primeiros nove meses de 2022.
Os gerentes ainda terão que enviar uma mensagem dura de bônus a seus banqueiros e operadores nesta semana.
O gigante dos bancos de investimento também despejou bilhões de dólares em seu esforço de varejo, que inclui o Apple Card e a plataforma de empréstimos especializados GreenSky.
Essa operação registrou US$ 3,8 bilhões em perdas antes dos impostos nos últimos três anos.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também:
Justiça nega pedido do BTG no caso Americanas e não vê prejuízo para o banco
UBS ‘contraria tendência’ de cortes nos grandes bancos, diz CEO
© 2023 Bloomberg LP
