Didi vai relançar aplicativos com alívio de repressão à tecnologia na China

Decisão sinaliza que o governo de Xi Jinping vê a necessidade do apoio do setor privado para a recuperação da economia chinesa

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Bloomberg — A gigante de transportes chinesa Didi recebeu sinal verde para retomar o cadastro de novos usuários, sugerindo que o pior já passou na campanha de Pequim para controlar a indústria da internet.

A decisão sinaliza que o governo de Xi Jinping, ansioso para impulsionar a economia após três anos de restrições contra a covid, vê a necessidade de apoio do setor privado na campanha de retomada econômica.

Desde 2021, a plataforma de transportes estava fora das principais lojas de smartphones, como Apple e Android. O serviço, contudo, deverá ser retomado em breve, segundo comunicado publicado pela empresa em sua página oficial.

A Didi, outrora celebrada como a campeã nacional que expulsou a Uber da China, estava entre as empresas de maior destaque no centro de uma repressão à indústria da internet que Pequim iniciou em 2020, quando interrompeu abruptamente o IPO do Ant Group.

Os reguladores reprimiram os negócios da Didi em 2021, depois que a empresa avançou com uma oferta pública inicial de mais de US$ 4 bilhões nos Estados Unidos contra a vontade de Pequim.

O relançamento dos apps é um pré-requisito para a Didi retomar os negócios como de costume e, eventualmente, para listar suas ações em Hong Kong.

“O relançamento dos aplicativos da Didi sugere uma avaliação de Pequim de que as reformas necessárias no setor de tecnologia local estão quase concluídas”, disse Catherine Lim, analista da Bloomberg Intelligence. “As interrupções nas operações de gigantes da tecnologia como Alibaba e Tencent devem ser mínimas em 2023.”

Retorno do app

Ainda não está claro quando os aplicativos da Didi estarão disponíveis para download. Uma possibilidade é que eles possam surgir pouco antes das celebrações do Ano Novo Lunar, quando as viagens geralmente atingem o pico.

O retorno dos aplicativos da Didi seria um marco nos preparativos de Pequim para afrouxar seu controle sobre o gigante setor de internet do país.

Guo Shuqing, secretário do partido do Banco Popular da China, disse neste mês que a reforma regulatória está chegando ao fim. Isso, juntamente com a reabertura pós-covid e o degelo das tensões com os Estados Unidos, levou à uma enxurrada de atualizações de preço-alvo em todo o setor.

A ferocidade com que os reguladores reprimiram a Didi – inclusive, forçando-a fechar o capital apenas alguns meses depois de seu IPO em Nova York – assustou os investidores e destacou o quanto Pequim estava disposto a punir até mesmo suas empresas mais famosas.

A própria Didi ganhou o apoio de gigantes da tecnologia, incluindo Tencent e Uber, além de capital de uma série de potências financeiras, como o SoftBank Group.

Ainda não está claro em que condições os reguladores permitiriam que a Didi retomasse o trabalho. O caso de Didi foi apresentado à Administração do Ciberespaço da China anteriormente e as negociações entre a empresa e os reguladores correram bem, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas por discutirem um assunto delicado.

Mais de duas dúzias de aplicativos Didi, incluindo aqueles para passageiros e motoristas, tiveram o download suspenso por volta de julho de 2021, quando o governo acusou a empresa com sede em Pequim de violar as regras de proteção de informações pessoais. O registro de novos usuários na China foi suspenso desde então.

“No futuro, a empresa tomará medidas efetivas para garantir a segurança de nossa infraestrutura de plataforma e big data e manter a segurança cibernética nacional”, disse a Didi em seu comunicado.

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