Bitcoin: medo de ficar de fora de retomada faz criptomoeda subir em janeiro

Alta das criptomoedas é em parte uma aposta no fim dos aumentos punitivos das taxas de juros, uma perspectiva que também impulsionou ações, títulos e ouro

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Bloomberg — O bitcoin (XBTUSD) disparou desde o início de janeiro com uma alta acumulada de mais de 28%, aumentando a pressão sobre os investidores pessimistas que viam um cenário ainda desafiador para investimentos mais arriscados após fortes quedas em 2022.

O avanço da criptomoeda até agora é o melhor desempenho do bitcoin para o primeiro mês de um ano desde uma alta de 31% em 2020, antes do início da pandemia. A alta ajudou a elevar o valor geral dos ativos digitais para mais de US$ 1 trilhão, um patamar que não era alcançado desde novembro, quando a exchange FTX entrou em recuperação judicial, mostram os dados da CoinGecko.

A maior criptomoeda subiu até 2,5% nesta segunda-feira (16) e estava sendo negociada a US$ 20.810,00 às 10h52 (horário de Brasília), com avanço de 13 dias consecutivos. Moedas menores, como Ether a Cardano, também estavam no verde.

A alta das criptomoedas é em parte uma aposta no fim dos aumentos das taxas de juros, uma perspectiva que também impulsionou ações, títulos e ouro. Mesmo assim, os investidores estão se perguntando se todos esses ativos foram longe demais, subiram rápido demais, uma vez que bancos centrais como o Federal Reserve (Fed) estão se comprometendo a manter as taxas de juros elevadas até que a inflação ainda alta seja vencida.

Enquanto muita incerteza paira sobre os ativos digitais, incluindo se um short squeeze está elevando os preços e vai diminuir, “é provável que o FOMO (”fear of missing out, em inglês”, que significa “medo de ficar de fora”) desempenhe um papel na evolução do mercado a partir daqui”, escreveu Noelle Acheson em seu livro “Crypto Is Macro Now”.

A indústria cripto continua se preparando para mais consequências da falência da FTX e as acusações de fraude contra o cofundador Sam Bankman-Fried. A corretora cripto Genesis e sua empresa-mãe Digital Currency Group estão tentando resolver problemas de dívida, um processo que pode desencadear turbulências no mercado.

Enquanto isso, alguns indicadores técnicos sugerem que o salto do Bitcoin está se estendendo. O índice de força relativa de 14 dias do token — uma medida de impulso — escalou para 90. Isso está muito acima do nível de 70 visto como “sobrecomprado” e o mais alto em cerca de dois anos.

O aumento do Bitcoin deste ano está entre os sinais de que “ainda há muita incerteza no mercado” e que “os investidores continuam a ‘agir’ de uma maneira muito menos pessimista do que ‘falam’”, escreveu Matt Maley, estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak + Co., em nota no domingo.

Tanto o Bitcoin quanto um medidor dos 100 principais ativos digitais afundaram mais de 60% em 2022, um ano doloroso que levantou questões sobre que tipo de futuro eles têm.

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