Bloomberg — As listas da World’s 50 Best são famosas por transformar restaurantes em atrações. Um exemplo disso é o Noma, que era um restaurante pouco conhecido de Copenhague e se tornou um fenômeno internacional após ficar em primeiro lugar na lista mundial em 2010.
Agora, a empresa que se tornou referência nos melhores restaurantes do mundo se prepara para fazer o mesmo com os hotéis.
A primeira lista dos 50 Melhores Hotéis do Mundo será lançada em uma cerimônia em setembro. Como sempre, a empresa fará de tudo para fortalecer o hype: os vencedores serão divulgados durante uma contagem regressiva ao vivo que culminará no anúncio do primeiro colocado da lista.
William Reed, britânico que opera as listas da World’s 50 Best, vê uma oportunidade de preencher uma lacuna no mercado.
“O negócio de premiação de hotéis tem forte influência de patrocinadores/grandes negócios que predominantemente decidem quem são os vencedores”, diz Yolanda Edwards, uma das nove “conselheiras acadêmicas” regionais não remuneradas do novo prêmio e ex-diretora criativa da Conde Nast Traveler US. “Ter uma lista independente de prêmios que realmente contemple verdadeiros favoritos pode trazer à tona não só propriedades incríveis que de outra forma poderiam passar despercebidas, como também melhores práticas que poderiam ter um impacto incrível em grandes grupos de hospitalidade”.
Várias empresas publicam classificações de estrelas ou prêmios para hotéis, como a Forbes e a Conde Nast. A Michelin inclui hotéis em seus guias, que foram originalmente criados para incentivar viagens rodoviárias, e em 2021 expandiu seu programa hoteleiro. Países ou regiões mantêm padrões para o que consideram ser um hotel de 1 estrela a 5 estrelas.
Nenhum deles foca totalmente a atenção do público como os rankings mundiais da World’s 50 Best.
E isso levanta uma questão: como se pode determinar que uma propriedade é melhor do que todas as outras, subjetivamente vitoriosa em relação aos hotéis em segundo, terceiro, quarto lugar? Os prêmios serão decididos com base nos votos de 580 jurados, supervisionados pelos conselheiros acadêmicos ao redor do mundo; os votantes ainda não foram selecionados e serão anônimos.
Não há critérios para inclusão na lista dos 50 Melhores Hotéis. Uma mansão rural de 200 anos de idade e um hotel de praia de apenas seis meses têm as mesmas chances. Além da lista principal, também haverá prêmios para algumas categorias, como melhor resort de praia. Ao contrário das outras listas de “50 Melhores” do grupo, que na verdade vão até a 100ª posição, a lista de estreia de hotéis vai apenas até a 50ª posição.
Os votantes serão convidados a considerar todos os aspectos da experiência de hospedagem, desde o primeiro contato com a equipe até as experiências de refeições e bebidas, e até mesmo o check-out. Mark Sansom, diretor de conteúdo da empresa, vê a oportunidade de destacar uma ampla gama de propriedades; ele ressalta que os lugares destacados na lista dos 50 Melhores Bares vão desde hotéis mais simples até lounges de alto nível.
O pool de votação para a lista dos 50 Melhores Hotéis será composto por 50% de jornalistas, 30% de operadores hoteleiros e 20% de “viajantes de luxo experientes” – ou seja, aqueles que utilizam serviços de concierge e agentes de viagens de luxo, diz Sansom. Cada um votará em sete hotéis e pousadas em qualquer lugar do mundo em que a pessoa tenha afirmado ter se hospedado.
Sua principal rival no ramo de ranking de restaurantes, a Michelin, orgulha-se de enviar revisores anônimos para comer várias vezes em restaurantes para fazer um julgamento independente sobre consistência e qualidade.
No passado, a 50 Best foi criticada por permitir que os votantes aceitassem refeições gratuitas – podendo, presumivelmente, afetar seu julgamento – ou que pudessem ser tendenciosos em favor de seus amigos ou parceiros de negócios no setor.
Essa possibilidade é ainda mais aguda para os hotéis; não é raro que os críticos recebam quartos de luxo gratuitos, ou com grandes descontos, em troca de cobertura. A alternativa, entretanto, seria apenas incluir os votantes com recursos para pagar pelos quartos, uma circunstância que geraria um pool de votos muito pequeno e muito homogêneo.
Ao fazer as regras, a 50 Best decidiu que os votos serão contados mesmo que os votantes recebam quartos gratuitos, tarifas com desconto ou adquiram estadias com pontos do programa de fidelidade do hotel, diz Sansom. Ele afirma que viajantes com experiências não serão comprados com acomodações gratuitas. “As cortesias não afetam a integridade dos profissionais no órgão de votação”, acrescenta ele.
Quaisquer estabelecimento localizado na Rússia ficará de fora da lista deste ano. Em fevereiro de 2022, a 50 Best anunciou que faria sua cerimônia de premiação em Londres – não em Moscou – como resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia. Nenhum restaurante russo figurou na lista de restaurantes de 2022. “Pelos mesmos motivos que não trouxemos restaurantes ou bares localizados na Rússia, não traremos hotéis russos”. Seria um incentivo velado do turismo”, dis Sansom.
Quando a lista for anunciada em setembro (em um local que ainda não foi definido), vale a pena ver se os hotéis terão um aumento imediato no fluxo como aconteceu com os restaurantes.
Em 2013, após o El Cellar de Can Roca em Girona, Espanha, ser coroado o melhor do mundo, o restaurante informou ter recebido 2 milhões de pedidos de reserva. Quando o Noma ficou em primeiro lugar pela primeira vez em 2010, o chef e proprietário Rene Redzepi disse que, com o número de pedidos de reserva, seria possível lotar o restaurante por 15 anos. O restaurante acaba de anunciar que vai fechar as portas no fim de 2024.
“Esperamos poder fazer o mesmo para que o hotel que ficar em primeiro lugar”, diz Sansom. “E, de fato, desejamos a eles tanta sorte quanto o Noma teve de várias formas”.
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