Bloomberg — A Tesla (TSLA) anunciou a redução de preços das vendas de veículos nos Estados Unidos e nos principais mercados europeus, em uma nova tentativa de aumentar a demanda após vários trimestres de números decepcionantes.
A companhia reduziu o preço do Model Y, o mais barato da marca, em 20% e cortou em cerca de US$ 21 mil os valores dos veículos mais caros nos EUA.
Os cortes nos preços também se estendem a Alemanha, Reino Unido e França e chegam uma semana depois de outra redução na China.
As fortes reduções refletem o drama em que a Tesla se encontra depois de ficar muito abaixo das metas de entregas anuais de veículos, apesar dos descontos e facilitações de compras no fim de ano - que o CEO Elon Musk jurava que não faria.
Para continuar crescendo e fazer pleno uso das fábricas que abriu ou ampliou no ano passado, a Tesla pode ser forçada a comprometer as margens de lucro que Wall Street comemorou quando a empresa foi restringida pela produção.
As mudanças nos EUA reduzem o preço dos sedãs Model 3 e de alguns veículos utilitários esportivos Model Y abaixo dos limites necessários para se qualificarem para até US$ 7.500 em créditos fiscais para veículos elétricos.
O Departamento do Tesouro e a Receita Federal divulgaram diretrizes no final do ano passado que irritaram Musk porque o Modelo Y não era pesado o suficiente para ser considerado um SUV. Isso significa que o veículo está sujeito ao limite de preço de US$ 55.000 que se aplica aos sedãs, em vez do limite de US$ 80.000 para SUVs.
A Tesla agora diz em seu site que o crédito fiscal federal de US$ 7.500 para o qual alguns clientes agora são elegíveis se aplicará aos veículos entregues até março.
Embora partes da nova lei dos EUA tenham entrado em vigor em 1º de janeiro, o Departamento do Tesouro ainda está finalizando os requisitos de fornecimento de baterias, o que pode cortar pela metade a redução de impostos para alguns veículos elétricos.
O analista da Bernstein, Toni Sacconaghi, que tem recomendação de venda para as ações da Tesla, escreveu na semana passada que a montadora estava enfrentando “um problema significativo de demanda” e que seus desafios persistiriam em parte porque seus modelos eram caros demais para se qualificar para créditos de impostos.
“Acreditamos que a Tesla terá que reduzir suas metas de crescimento (e operar suas fábricas abaixo da capacidade) ou manter e potencialmente aumentar os recentes cortes de preços globalmente, pressionando as margens”, escreveu Sacconaghi em um relatório de 2 de janeiro. “Vemos que os problemas de demanda persistirão até que a Tesla seja capaz de introduzir ofertas de volume com preços mais baixos, o que pode não acontecer até 2025.”
-- Com assistência de Stefan Nicola
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