Tesla adia expansão de fábrica na China após preocupações de Pequim

Membros do governo chinês estariam inseguros sobre a relação entre a montadora e a empresa de satélites Starlink, também liderada por Elon Musk

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Bloomberg — A expansão da fábrica da Tesla em Xangai foi adiada, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News. Preocupações relacionadas ao risco de exposição de dados podem se transformar em uma barreira no caminho da montadora de carros elétricos para se expandir na China.

A chamada expansão da terceira fase da fábrica, originalmente prevista para começar em meados deste ano, dobraria a capacidade da produção de veículos para cerca de 2 milhões de unidades por ano, segundo pessoas consultadas pela Bloomberg.

Alguns funcionários do governo da China mostraram preocupação com o fato de um montadora americana, com grande conexão com a Starlink - empresa de satélites também dirigida por Elon Musk que oferece conexões de internet-, ter uma presença tão grande na maior economia da Ásia.

Embora os carros da Tesla ainda não tenham equipamentos Starlink, o que permitiria aos usuários contornar o grande firewall da China, Pequim tem se preocupado cada vez mais com a segurança de dados e a estabilidade social.

Musk é diretor executivo da Tesla e da Space Exploration Technologies Corp., que começou a lançar os satélites Starlink em 2019.

O atraso na fábrica coincide com o crescente ressentimento do público em relação à Tesla em um momento em que as tensões entre Washington e Pequim estão aumentando. Proprietários furiosos de veículos Tesla invadiram showrooms da marca na China durante o fim de semana para reclamar por terem perdido outra rodada de cortes de preços.

Além disso, os carros da marca também foram banidos de complexos militares e residenciais na China no início de 2021 devido à preocupação com possível coleta de dados sensíveis por meio das câmeras embutidas nos veículos.

Os representantes da Tesla na China e os representantes da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China não responderam a pedidos de comentários feitos pela Bloomberg.

As duas primeiras fases, de construção e expansão da fábrica da Tesla em Xangai, já estão concluídas. A fábrica, que começou a funcionar em 2019, agora é capaz de produzir anualmente 1 milhão de sedãs Modelo 3 e veículos utilitários esportivos Modelo Y após as atualizações em 2022.

A terceira fase envolveria uma quantidade significativa de edificações e terrenos adicionais, mas o futuro dessa expansão pode mudar, a depender de orientações de altos funcionários do governo central, segundo uma das fontes consultadas.

A China tornou-se um centro de fabricação chave para Austin, sede da Tesla no Texas, uma vez que a fábrica de Xangai produziu mais de 710.000 carros em 2022, equivalente a cerca de 52% da produção global da empresa.

Mas a demanda dos consumidores na China - o maior mercado mundial de carros e veículos elétricos - foi atingida pela desaceleração do crescimento econômico e pela adesão até recentemente à política Covid Zero, o que resultou em meses de bloqueio e interrupções na cadeia de fornecimento.

Para lidar com esse cenário, a Tesla reduziu os preços dos veículos e manteve os incentivos em vigor. Mesmo assim, as entregas caíram em dezembro para cerca de 56.000 unidades, já que a produção foi temporariamente suspensa devido a atualizações de equipamentos e à demanda mais fraca dos consumidores. Enquanto isso, a rival local BYD Co., vendeu 111.939 veículos elétricos a bateria no mês passado.

Como seus negócios na China, a Tesla tem se expandido em outras partes da Ásia, incluindo a abertura de showrooms na Tailândia. A Bloomberg informou na quarta-feira que a montadora está perto de um acordo preliminar para montar uma fábrica na Indonésia que produziria até 1 milhão de carros por ano, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

- Com colaboração de Sarah Chen.

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