Bloomberg Línea — A revelação de “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões na Americanas (AMER3), que levou à renúncia do recém-empossado CEO Sergio Rial, se tornou o assunto da noite de quarta-feira (11) entre investidores e executivos de empresas, movimentando grupos no WhatsApp e redes sociais.
Uma das expectativas é a de forte queda nos preços das ações no pregão desta quinta-feira (12). A concretização desse cenário vai levar à desvalorização do portfólio de gestoras que têm posições relevantes na empresa.
Há gestoras nacionais e globais e fundos de pensão estrangeiros entre os principais acionistas da Americanas, isso sem contar os de referência - estes são Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que controlaram a rede varejista por quarenta anos, desde o começo da década de 1980, e ainda permanecem com as maiores posições.
As informações constam das posições informadas pelas gestoras à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e que são tornadas públicas, com defasagem de 90 dias.
No primeiro grupo está a Moat Capital, gestora com sede em São Paulo e cerca de R$ 1,6 bilhão em patrimônio em três fundos, segundo informações do seu site. A Moat tinha uma posição equivalente a 2,86% do capital da Americanas, com 25,8 milhões de ações, em 30 de setembro de 2022, segundo dados da Bloomberg.
O Bradesco (BBDC4) tinha 10,6 milhões de ações por meio da Bram, a Bradesco Asset, equivalentes a 1,18% do capital da empresa varejista, em 30 de novembro de 2022, de acordo com informações da Bloomberg.
A Bradesco Asset informou que reduziu a posição em Americanas no fim do ano passado em nota enviada à Bloomberg Línea nesta manhã de quinta-feira (12).
“A Bradesco Asset Management esclarece que a exposição atual à Lojas Americanas S.A. é de 0,439%, totalizando R$ 45,2 milhões entre 39 fundos de investimento com posição em ações, tanto em gestão ativa quanto passiva.”
Também possuíam posição relevante na Americanas a CSHG Asset Management, a asset do Credit Suisse, e o Itaú Unibanco (ITUB4), com 0,57% e 0,45% do capital, respectivamente, em 30 de novembro de 2022 e 10 de janeiro de 2023.
Vanguard, TIAA e BlackRock
A lista de acionistas relevantes entre players globais inclui a gigante americana de investimentos Vanguard, com 2,43% do capital, o maior fundo de pensão de professores americanos, o TIAA (Teachers Insurance and Annuity Association of America), com 5,71%, e a BlackRock, maior gestora do mundo, com 4,51%. Nos dois primeiros casos, essa era a posição em 30 de novembro de 2022; no terceiro, em 10 de janeiro de 2023.
A empresa vai se pronunciar em call fechada para investidores e organizada pelo BTG Pactual (BPAC11) nesta quinta-feira às 9h. Segundo fontes, a conferência já estava agendada para que o então CEO Sergio Rial comentasse os seus planos para a empresa que acabara de assumir.
- Matéria atualizada às 8h30 de 12/01 com a informação de que a Bogari não tem mais ações da Americanas. A posição anterior, de 30 de setembro de 2022, foi zerada.
- Matéria atualizada às 10h57 de 12/01 com a informação de que a Bradesco Asset reduziu a posição na Americanas no fim do ano passado.
Leia também
Americanas: qual a situação da empresa que Rial encontrou como CEO
Urgente: Rial renuncia como CEO da Americanas após falha contábil de R$ 20 bi