Bloomberg — Os mercados de capitais de dívida local no Brasil provavelmente terão uma desaceleração em 2023, após dois anos de recordes consecutivos, de acordo com Alexandre Castanheira, chefe da área no Citigroup para o país.
“Muitas empresas aproveitaram a oportunidade para antecipar a venda de títulos em 2022, e agora há menos necessidade de levantar dinheiro”, disse Castanheira, que também é chefe de mercado de capitais de dívida internacional do Brasil para o Citi, em entrevista à Bloomberg News no escritório do banco em São Paulo. “Os volumes serão menores, mas ainda fortes.”
As vendas de títulos de dívida corporativa nos mercados de capitais locais do Brasil aumentaram 2,6%, para um recorde de R$ 265,2 bilhões no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. Muitas empresas optaram por emitir dívida local porque o aumento da taxa de juros do Federal Reserve nos Estados Unidos tornou os títulos internacionais muito caros para essas companhias.
Incluindo operações estruturadas de renda fixa e securitização, o valor da dívida emitida no Brasil denominada em reais chegou a R$ 389,6 bilhões no ano passado até novembro, 11% a mais do que no mesmo período do ano anterior, segundo a Anbima.
“Como os fundos de crédito locais registraram entradas, o volume de vendas nos mercados brasileiros foi muito, muito grande, e o tamanho individual de cada transação aumentou bastante, chegando a R$ 6 bilhões”, disse Castanheira. Os vencimentos também se expandiram, subindo para 10 anos, segundo o executivo do Citigroup, que apontou títulos usados para financiar projetos de infraestrutura que oferecem isenção de impostos para pessoas físicas.
Grandes empresas brasileiras com acesso aos mercados globais de dívida, como a Braskem e JBS, decidiram emitir títulos no ano passado. Mas as vendas totais de emissores brasileiros no mercado internacional caíram cerca de 71% em relação a 2021, para US$ 7,41 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Muitas empresas emitiram dívida nos mercados locais porque era mais barato do que vender títulos no exterior, em dólares”, disse Castanheira. “Mas agora os preços mudaram e devemos ver mais transações internacionais em 2023.”
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