Bloomberg Línea — O Ebanx, empresa brasileira de tecnologia para pagamentos que tem a Advent International como investidora, decidiu unificar os times de tecnologia e produto e combinar as posições de CTO (Chief Technology Officer) e CPO (Chief Product Officer). Fábio Scopeta, brasileiro que trabalhou na diretoria da Microsoft e da IBM, assume o cargo de CPTO (Chief Product & Technology Officer).
A chegada do novo executivo ocorre depois de uma reestruturação da empresa em 2022, quando o Ebanx demitiu 20% da equipe (340 funcionários).
A contratação de Scopeta não foi a única mudança promovida pela Ebanx recentemente. A fintech nomeou Sean Yu como diretor comercial, com sede em Xangai, na China. Em novembro de 2022, a empresa anunciou a chegada de Greg Cornwell como seu novo vice-presidente de desenvolvimento de negócios para coliderar as equipes globais de vendas da fintech. Há um ano, a empresa trouxe Paula Bellizia, ex-Google e ex-Microsoft, como presidente de pagamentos globais.
O Ebanx, que adiou seu IPO previsto para o ano passado, foi uma das primeiras startups brasileiras a conquistar status de unicórnio (isto é, atingiu valuation acima de US$ 1 bilhão), após um investimento de valor não divulgado da FTV Capital em 2019. A empresa disse que não houve estratégia de captação externa ou rodadas internas recentemente e disse que “segue acompanhando com atenção a evolução e oportunidades do mercado” para sua estreia na bolsa.
Scopeta, que vive em Miami, na Flórida, tem mais de 25 anos de experiência. Passou por cargos de gerente geral de soluções de inovação digital e de aplicativos, quando liderou a estratégia de entrada no mercado e a responsabilidade pela receita do portfólio de desenvolvimento de aplicativos da Microsoft.
Ele não é o único líder de uma big tech e da Microsoft que optou pela mudança para assumir um cargo executivo em uma startup brasileira. Nos últimas semanas, a Caju Benefícios, plataforma de pagamentos corporativos, contratou Mariana Hatsumura, que passou dez anos na Microsoft e comandou a plataforma Azure, para ser a primeira CMO (Chief Marketing Officer).
Antes, Scopeta foi líder da IBM Watson Health para a América Latina, seguindo sua função como Head da IBM Watson para o Brasil.
Agora, caberá ao executivo a missão de alavancar os produtos da fintech e sua plataforma de pagamentos. Em entrevista à Bloomberg Línea, Scopeta disse que a decisão de combinação dos cargos de tecnologia e produto passa pelo momento de expansão global do Ebanx e aumento de verticais de indústria, algo que, em sua visão, “exige um processo de agilidade muito intensa de inovação e execução”.
“Existem ganhos ao integrar produto, dados, engenharias, segurança, privacidade e infraestrutura [...] a nossa plataforma está evoluindo na direção de manter a performance”, disse o executivo.
Após uma reestruturação corporativa em 2022, quando demitiu 20% da equipe (340 funcionários), o Ebanx, concorrente da uruguaia dLocal (DLO), anunciou sua expansão em três países do continente africano: Quênia, Nigéria e África do Sul, onde processa pagamentos para a empresa brasileira Pipefy.
Scopeta, que tem experiência em Inteligência Artificial (IA), disse que os usos da tecnologia para empresas financeiras vão desde solução de antifraude e eficiência operacional.
Um cliente relevante do Ebanx, a Shopee, do grupo Sea de Singapura, reduziu as operações na América Latina para focar no Brasil. Para Scopeta, “toda indústria tem sazonalidades e um portfólio diverso [de clientes] ajuda a gente a se proteger”. Mesmo em condições econômicas mais desafiadoras, o Ebanx disse que teve um crescimento de 42% em seu volume total de pagamentos processados em 2022 em relação a 2021.
“Todas as mudanças que foram feitas estão alinhadas a um motivo estratégico com um time alinhado nas prioridades. Estamos continuamente lendo os sinais de mercado e aprendendo sobre esses mercados, estudando parcerias e oportunidades”.
Nesta quarta-feira (11), o The Information publicou que a Stripe, concorrente americano do Ebanx, reduziu sua avaliação interna em cerca de 11%. Teria sido a terceira vez que a startup de pagamentos americana reduziu sua própria avaliação do seu valor desde junho, disse o The Information, citando uma pessoa familiarizada com o assunto.
O preço interno é usado para a nova remuneração com base em ações e pode ajudar a definir as expectativas antes de um IPO. O último corte reduz o preço das ações da Stripe para US$ 24,71, implicando um valuation de cerca de US$ 63 bilhões. Em outubro de 2022 o preço foi reduzido de US$ 29 para US$ 27,73, segundo o The Information. Em julho, a empresa disse aos funcionários que a avaliação interna da empresa caiu para cerca de US$ 74 bilhões.
Na última captação externa, a Stripe tinha sido avaliada em US$ 95 bilhões.
-- Corrige informação da expansão do Ebanx, e não da de dLocal, para os três países africanos
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