Credit Suisse avalia corte de 50% em bônus de bankers após ano de crise

Decisão em estudo destaca os desafios que o banco suíço enfrenta diante de uma reestruturação que não deve gerar lucros até 2024

Aperto de cinto do banco provavelmente é mais severo do que o de seus pares de Wall Street
Por Myriam Balezou - Marion Halftermeyer
11 de Janeiro, 2023 | 09:15 AM
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Bloomberg — Em meio a uma reestruturação, o Credit Suisse (CS) está considerando cortar o bônus para 2022 pela metade, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, encerrando um ano sombrio em que o banco foi forçado a levantar US$ 4 bilhões após uma série de perdas.

Cortes ainda mais drásticos deverão ser feitos na remuneração variável após a queda de 32% em 2021, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Um corte de 50% levaria o montante total de bônus a ser distribuído para cerca de 1 bilhão de francos suíços (US$ 1,1 bilhão), ante 2,9 bilhões de francos dois anos antes.

O aperto de cinto do Credit Suisse provavelmente é mais severo do que o de seus pares de Wall Street, incluindo JPMorgan (JPM) e Citigroup (C), que devem cortar bônus após uma queda principalmente no mercado de equity.

O movimento também destaca os desafios que o CEO Ulrich Koerner enfrenta agora ao executar uma recuperação que não deve gerar lucros até 2024, enquanto tenta manter uma equipe já descontente.

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Os resultados dos bônus provavelmente terão ampla divergência entre funcionários, uma vez que o banco terá que equilibrar o fraco desempenho em algumas unidades com a necessidade de motivar o pessoal em outras. Alguns funcionários provavelmente não receberão nenhum bônus referente ao ano passado, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

As discussões ainda não foram finalizadas e ainda podem mudar, disseram as pessoas. Um porta-voz do Credit Suisse se recusou a comentar o assunto.

Para a rodada de bônus referentes a 2021, o banco suíço deu à sua equipe sênior um prêmio adicional de longo prazo para tentar amortecer o golpe do corte em seu pool regular, condicionado ao cumprimento de metas nos três anos seguintes.

Funcionários que ganhassem US$ 250.000 ou mais por ano também receberiam uma parte maior de sua remuneração variável em dinheiro adiantado, embora tivessem que concordar em pagar uma parcela proporcional se saíssem dentro de três anos.

O banco demonstrou mais vontade de fazer pagamentos extras fora da rodada de bônus regular para reter funcionários de alto escalão. Em meados do ano passado, o credor distribuiu prêmios de mais de US$ 300 milhões em um único mês para manter os banqueiros.

Saída de executivos seniores

Buscando pôr fim a anos de escândalos e perdas multibilionárias, o Credit Suisse levantou 4 bilhões de francos em capital novo e está cortando milhares de empregos. Executivos seniores da Ásia e da Europa partiram nas últimas semanas, incluindo o chefe da China, Carsten Stoehr, e o head da Itália, Andrea Donzelli.

O credor também está adquirindo partes de seu banco de investimentos sob a marca histórica First Boston. Isso está aumentando os custos iniciais, com executivos fechando um acordo para comprar a empresa de investimentos do ex-membro do conselho Michael Klein por algumas centenas de milhões de dólares como parte do acordo, informou a Bloomberg News.

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O Credit Suisse disse que deve reportar perda de até 1,5 bilhão de francos nos últimos três meses de 2022, em parte devido às saídas históricas de recursos de clientes.

-- Com a colaboração de Denise Wee e Chanyaporn Chanjaroen.

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