Maiores doadores de Bolsonaro repudiam ataques à democracia

Ministério Público pede ao Tribunal de Contas da União o bloqueio de bens do ex-presidente Jair Bolsonaro para custear depredações em Brasília

Autoridades estão ampliando a investigação sobre a mais grave violência política em décadas no país, que resultou na prisão de mais de 1.500 pessoas
Por Felipe Marques, Tatiana Freitas e Martha Beck
10 de Janeiro, 2023 | 05:07 PM

Bloomberg — O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) o bloqueio de bens do ex-presidente Jair Bolsonaro à medida que a investigação dos ataques em Brasília se expande para além dos manifestantes que já foram presos.

Segundo o MP, o pedido de bloqueio tem o objetivo de custear as depredações do patrimônio público provocadas pelas invasões das sedes dos três poderes em Brasília, em 8 de janeiro. Investigadores identificaram mais de 100 empresas suspeitas de terem financiado os atos e pedirão o bloqueio de seus ativos, informou a CNN Brasil, sem informar de onde obteve a informação.

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As autoridades estão ampliando a investigação sobre a mais grave violência política em décadas no país, que resultou na prisão de mais de 1.500 pessoas, com foco em rastrear quem pagou para transportar os apoiadores de Bolsonaro para Brasília e quem financiou os acampamentos em frente ao quartel-general militar.

As autoridades também estão investigando possíveis laços entre os bolsonaristas e alguns membros do setor agrícola – um dos principais doadores de Bolsonaro – mas o ministro da Justiça, Flavio Dino, disse que é muito cedo para dizer quem financiou os atos de violência.

Não iremos parar nas pessoas presas em flagrante, disse Dino à GloboNews nesta terça-feira (10). Ele afirmou que a investigação subirá ao máximo para escalões superiores.

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Alguns dos maiores doadores da campanha eleitoral de Bolsonaro em 2022 repudiaram a violência de domingo, incluindo o magnata do agronegócio Hugo de Carvalho Ribeiro, o advogado e pastor Fabiano Zettel e Luciano Hang, o bilionário dono da rede de lojas de departamentos Havan.

Zettel, sócio de um escritório de advocacia com sede em São Paulo focado no setor financeiro e o maior doador individual para a campanha de Bolsonaro em 2022, procurou se distanciar atos violentos. “As manifestações anti-democráticas não representam o eleitorado brasileiro”, disse ele em resposta por e-mail a perguntas da Bloomberg News. “O resultado eleitoral deve ser acatado e a democracia defendida por todos nós.”

Hang também criticou a violência de 8 de janeiro. “Jamais apoiei ou apoiaria atos de violência e vandalismo”, disse ele em resposta por e-mail. “Não doei, participei ou fomentei nenhum ato contra a democracia, tampouco contra prédios públicos. Repudio tudo o que foi feito no domingo.”

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Ribeiro, membro da família Maggi, uma das maiores proprietárias de terras do Brasil, foi o terceiro maior doador da campanha presidencial de Bolsonaro no ano passado. Ele disse repudiar os atos de vandalismo e de ameaça à democracia, acrescentando, em uma nota por e-mail, que os manifestantes devem ser “identificados e punidos”. Ribeiro é acionista da Amaggi, conglomerado de commodities que faturou mais de US$ 7,3 bilhões em 2021.

Representantes de agricultores se manifestaram contra declarações que sugerem alguma relação do setor com os tumultos em Brasília. Comentários que indicam o contrário “são impróprios e não refletem a real importância do agronegócio para o país”, disse a Aprosoja-MT, que representa os produtores de soja no estado de Mato Grosso, por meio de nota na segunda-feira (9).

-- Com a colaboração de Bruna Lessa e Rachel Gamarski

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