Bloomberg Línea — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,62% em dezembro, acima da taxa de 0,41% registrada em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10). No acumulado de 2022, a alta foi de 5,79%, abaixo dos 10,06% registrados em 2021.
Os dados vieram acima do que o esperado pelo mercado financeiro. Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg News com economistas era de alta de 0,45% ante novembro e de 5,60% na comparação anual.
Com os dados, o indicador encerra o ano acima do teto da meta de inflação, de 3,50% para o ano passado, exigindo que o Banco Central escreva uma carta explicando os motivos. Esta é a quarta vez consecutiva que a inflação fica acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que em 2022 tinha teto de 5%.
Ao longo do ano passado, as estimativas para a inflação foram constantemente elevadas, em especial no fim do ano, quando passaram a incorporar o aumento dos gastos públicos e o maior risco fiscal. No relatório Focus, do Banco Central, por exemplo, as estimativas para o IPCA em 2022 começaram o ano em alta de 5,03%, encerrando dezembro a 5,64%.
Expectativas mais altas para os preços fizeram a taxa básica de juros, a Selic, sair de 9,25%, ao fim de 2021, para 13,75% em dezembro de 2022.
Na avaliação de Tatiana Nogueira, economista da XP, os números divulgados nesta terça vieram negativos. Ainda assim, metade da surpresa se deu em um subgrupo volátil e bastante sensível à Brack Friday e Natal, o que não deve se repetir nos próximos meses, destaca.
“Ainda observamos desinflação em curso em linha com normalização da cadeia global de valor e acomodação de preços de commodities, além do desaquecimento da demanda doméstica. Olhando à frente, esperamos que o IPCA de janeiro desacelere, bastante influenciado pelas promoções de início do ano e deflação de energia elétrica e combustíveis, sendo este último um risco no cenário”, escreveu Nogueira, em nota.
Principais impactos
No mês passado, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, com as maiores variações partindo do grupo de Saúde e cuidados pessoais (1,60%), que também foi o maior impacto (0,21 p.p.).
Os grupos de Transportes (0,21%) e Habitação (0,20%), por sua vez, desaceleraram em relação a novembro, quando registraram 0,83% e 0,51%, respectivamente. Segundo André Almeida, analista de preços do IBGE, a queda no preço da gasolina foi o principal fator para a desaceleração em Transportes, com redução de mais de 6% no litro do combustível nas distribuidoras.
Juntos, os grupos “Saúde e cuidados pessoais” e “Alimentação e bebidas” representaram cerca de 56% do impacto total do IPCA de dezembro.
Já no acumulado de 2022, o resultado foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e bebidas (11,64%), que teve o maior impacto (2,41 p.p.) no ano. Segundo o IBGE, a maior variação veio do grupo Vestuário (18,02%), com altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano.
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