Redução de produtos químicos leva a recuperação gradual da camada de ozônio

A eliminação progressiva de hidrofluorocarbonetos também evitou um aquecimento estimado em 0,5°C até 2100

Espera-se que a camada de ozônio volte aos níveis de 1980, antes do surgimento do buraco
Por Olivia Rudgard
09 de Janeiro, 2023 | 07:21 PM

Bloomberg — A camada protetora da Terra deve se recuperar em quatro décadas à medida que os produtos químicos prejudiciais transportados pelo ar são gradualmente eliminados, ajudando a proteger os seres humanos dos raios solares e a limitar o aquecimento global, disse um painel científico apoiado pela ONU.

Em 1985, os cientistas identificaram pela primeira vez um buraco na camada de ozônio – que ajuda a filtrar os raios ultravioleta do sol.

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Um raro acordo internacional foi alcançado em 1987 para eliminar gradualmente os gases incluindo clorofluorcarbonetos (CFC), que eram utilizados em produtos como ar condicionado, refrigeradores e desodorantes, mas que estavam eliminando o ozônio na atmosfera superior. Uma atualização de 2016 do chamado Protocolo de Montreal também eliminou os hidrofluorocarbonetos (HFC), que não esgotam diretamente o ozônio, mas têm um forte efeito de mudança climática.

Desde que os produtos químicos foram proibidos, houve uma “notável recuperação” na camada superior da estratosfera, segundo o relatório do Painel de Avaliação Científica do Protocolo de Montreal, atualizado a cada quatro anos. A eliminação progressiva de HFC também evitou um aquecimento estimado em 0,5°C até 2100.

“A ação do ozônio abre um precedente para a ação climática”, disse o Professor Petteri Taalas, Secretário Geral da Organização Meteorológica Mundial. “Nosso sucesso na eliminação gradual dos produtos químicos que consomem ozônio nos mostra o que pode e deve ser feito – em caráter de urgência – para fazer a transição dos combustíveis fósseis, reduzir os gases de efeito estufa e assim limitar o aumento da temperatura”.

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Se as políticas atuais continuarem em vigor, espera-se que a camada de ozônio se recupere aos níveis de 1980 – antes do surgimento do buraco – até aproximadamente 2066 sobre a Antártica, 2045 sobre o Ártico e 2040 para o resto do mundo. O buraco, que está sobre a Antártica, vem diminuindo em área e profundidade desde o ano 2000, segundo o relatório.

Entretanto, as propostas de usar a geoengenharia na atmosfera para reduzir o aquecimento global, refletindo mais luz solar no espaço, poderiam ter consequências não intencionais, inclusive freando a recuperação da camada de ozônio, alerta o relatório.

Outros fatores, incluindo lançamentos de foguetes e incêndios mais frequentes e intensos, exacerbados pela mudança climática, também poderiam atrasar a recuperação, mas são necessárias mais pesquisas para entender o quanto.

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Muitas vezes considerado como uma história de sucesso nas negociações ambientais internacionais, o Protocolo de Montreal tem relevância para os esforços modernos para reduzir as emissões de carbono e mitigar a mudança climática, disse a ONU.

“O impacto do Protocolo de Montreal na mitigação da mudança climática não pode ser superestimado”, disse Meg Seki, secretária executiva do Secretariado do Ozônio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em um comunicado à imprensa.

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