Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV), após cair pela manhã, virou para alta nesta segunda-feira (9), impulsionado pela cena externa e com investidores digerindo o impacto do aumento das tensões em Brasília e do risco político doméstico. Já o dólar avança, negociado a R$ 5,26.
No domingo (8), manifestantes que protestavam contra a derrota de Jair Bolsonaro (PL) e contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas invadiram e depredaram os prédios dos três poderes em Brasília – Congresso Federal, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto.
Após os ataques, o presidente Lula decretou intervenção federal na área de segurança pública no Distrito Federal até 31 de janeiro, com o objetivo de retomar a ordem pública. Na madrugada desta segunda, o ministro Alexandre de Moraes, do STF. determinou a destituição do governador do DF, Ibaneis Rocha, por 90 dias, enquanto apura sua responsabilidade na queda de segurança dos três Poderes.
Por volta das 14h (horário de Brasília), o Ibovespa avançava 0,7%, aos 109 mil pontos, enquanto o dólar amenizou a alta, negociado a R$ 5,26. Já o fundo de índice iShares MSCI Brazil (EWZ), que replica o desempenho da bolsa brasileira e é negociado em Nova York, operava próximo da estabilidade nos EUA.
Para especialistas do mercado financeiro, essa maior tensão doméstica deve afetar os ativos do país.
“É improvável que os mercados e a economia saiam ilesos. O modelo da Bloomberg Economics sugere que um aumento na incerteza política em torno dos níveis de um pico de abril de 2017 poderia enfraquecer o real em 1,8%, empurrar os preços das ações para baixo em 3% e cortar cerca de 0,7 ponto percentual da atividade econômica de janeiro”, disse Adriana Dupita, da Bloomberg Economics.
Segundo Luís Otávio Leal, economista-chefe do Banco Alfa, os atos violentos contra o Poder “colocam em xeque a noção de transição pacífica e pode afetar a confiança dos investidores estrangeiros no país”.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avalia que a ação enfraquece a direita. “Esperamos um fortalecimento da esquerda, ao ser criada uma situação no qual o status quo é de esquerda e foi vítima de um ataque a sua autoridade de direito”, escreveu, em nota.
“Os ativos deverão reprecificar o Brasil como um local mais arriscado daquele na sexta-feira, ao passo que parte da piora esperada também pode ser associada ao supracitado fortalecimento da uma agenda expansionista. Evidentemente que em um primeiro momento mensurar as magnitudes é muito difícil, ao passo que pode ocorrer um movimento relativamente exacerbado no início da reprecificação”, completou.
Nos Estados Unidos, após otimismo em Wall Street na sexta-feira (6), investidores aguardam o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, previsto para amanhã, bem como o dado final da inflação no país, que será divulgado na quinta-feira (12) e indicará se a desaceleração dos preços é uma tendência consistente.
Confira o desempenho dos mercados nesta segunda-feira (9):
- Por volta das 14h (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,67%, aos 109.695 pontos;
- O dólar à vista subia 0,65%, a R$ 5,26;
- Nos EUA, os índices subiam: o Dow Jones tinha alta de 0,78%, o S&P 500, de 1,34%, enquanto o Nasdaq avançava 2,14%
-- Atualização às 14h (horário de Brasília)
-- Com informações da Bloomberg News
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