Bloomerg — A Apple (AAPL) exportou mais de US$ 2,5 bilhões em iPhones a partir da Índia entre abril e dezembro, quase o dobro do total do ano fiscal anterior, o que destaca como a gigante de tecnologia dos EUA tem se apressado em reduzir seu foco na China com o aumento das tensões geopolíticas.
A Foxconn Technology e a Wistron enviaram cada uma mais de US$ 1 bilhão em aparelhos das linhas mais vendidas da Apple para o exterior nos primeiros nove meses do ano fiscal que termina em março de 2023, disseram pessoas com conhecimento do assunto à Bloomberg News. A Pegatron, outra importante fabricante terceirizada da Apple, deve exportar cerca de US$ 500 milhões em dispositivos até o fim de janeiro, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.
Os números de exportação em rápido crescimento ilustram como a Apple tem expandido as operações fora da China, onde o caos na principal fábrica da Foxconn em Zhengzhou expôs vulnerabilidades em sua cadeia de suprimentos, além de obrigarem a empresa de Cupertino a reduzir as estimativas de produção. Isso agravou um problema mais amplo devido à queda da demanda por eletrônicos, à medida que consumidores avaliam os riscos de uma recessão global.
A Apple, a companhia mais valiosa do mundo, começou a montar seus últimos modelos de iPhone na Índia apenas no ano passado, uma ruptura significativa com sua prática de reservar grande parte desse processo para fábricas chinesas gigantes administradas por suas principais terceirizadas taiwanesas, incluindo a Foxconn.
Embora a Índia represente apenas uma fração da produção do iPhone, o aumento das exportações é um bom sinal para o plano do primeiro-ministro Narendra Modi de tornar o país uma alternativa à China como fábrica para o mundo.
As políticas de Covid Zero da China e protestos violentos na fábrica de Zhengzhou – conhecida como iPhone City, o maior centro de produção mundial do aparelho - expuseram os perigos de depender do país. Embora o governo de Pequim tenha abandonado essa abordagem para frear o coronavírus, a Apple e outros nomes globais estudam locais alternativos mais do que nunca.
A numerosa força de trabalho da Índia, o apoio de Modi e um mercado local próspero tornam o país um candidato privilegiado para assumir uma maior parcela na fabricação de eletrônicos. A Foxconn, maior fornecedora da Apple, começou a construir instalações no país há mais de cinco anos, antecipando a necessidade de ampliar seu alcance geográfico.
Um argumento recente que ajuda a Índia inclui uma série de novos incentivos do governo, uma pedra angular do esforço de Modi para transformar o país em um polo de fabricação de eletrônicos. A Foxconn recebeu 3,6 bilhões de rupias (US$ 44 milhões) em benefícios no primeiro ano do chamado esquema de incentivos vinculados à produção, enquanto os pedidos da Wistron estão sendo processados, disseram as pessoas.
Representantes da Apple, Foxconn e Wistron não responderam a e-mails com pedidos de comentário. Um porta-voz da Pegatron não quis comentar.
Atualmente, fabricantes terceirizados da Apple produzem iPhones em unidades no sul da Índia. Mas a produção no país está apenas começando. Cerca de 3 milhões dos dispositivos foram fabricados na Índia em 2021, em comparação com 230 milhões na China, segundo estimativas da Bloomberg Intelligence.
Além dos smartphones, o país faz planos para aumentar incentivos financeiros destinados a fabricantes de tablets e laptops, na esperança de convencer a Apple a produzir toda sua linha localmente, desde fones de ouvido a MacBooks, além de atrair outras marcas. A fabricante do iPhone também deve abrir sua primeira loja de varejo na Índia em 2023, depois de atender a certos critérios impostos a varejistas estrangeiros.
Mas sair da China, onde a Apple construiu uma extensa cadeia de suprimentos por quase duas décadas, não é fácil. Uma análise da Bloomberg Intelligence estima que levaria cerca de oito anos para transferir apenas 10% da capacidade de produção da Apple para fora da China, onde cerca de 98% dos iPhones da empresa são fabricados atualmente.
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