Bloomberg — A inflação da zona do euro retrocedeu a um dígito pela primeira vez desde agosto, alimentando a esperança de que o pior aumento dos preços ao consumidor do bloco já tenha atingido seu pico.
A leitura da inflação em dezembro atingiu 9,2%, informou o Eurostat nesta sexta-feira (6), mas a única razão para a moderação foi uma expansão mais lenta dos preços de energia. O número reflete desaceleração na Alemanha, França, Itália e Espanha, e ficou abaixo dos 9,5% previstos pelos economistas consultados pela Bloomberg.
Entretanto, o núcleo do indicador, que exclui energia e alimentos, mostrou uma elevação para um recorde de 5,2%, ressaltando que a inflação continua a ameaçar a economia europeia.
Este é o indicador sobre o qual o Banco Central Europeu (BCE) provavelmente se concentrará à medida que avança com o ciclo mais agressivo de aumentos de taxas de juros em sua história. Nos Estados Unidos, o Fed também está ignorando o abrandamento em sua inflação, advertindo os investidores para não subestimar sua disposição de apertar a política monetária por mais algum tempo.
Esse segundo mês de arrefecimento da alta de preços na zona do euro, que se expandiu para 20 países a partir de 19 deste mês com a adesão da Croácia, veio após o governo da Alemanha ter pago algumas contas de gás natural para amortecer o aumento dos custos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.
No mês passado, o BCE se comprometeu a elevar a taxa acima de seu nível atual de 2%. É possível que o pico nos custos de empréstimo não seja atingido até por volta do verão, segundo o chefe do Banco da França François Villeroy de Galhau.
“Depois disso, estaremos prontos para permanecer nesse nível pelo tempo que for necessário”, disse ele na quinta-feira em Paris. “A série de aumentos de taxas de 2022 se tornou uma corrida de longa distância, e a duração do ciclo contará tanto quanto a taxa terminal”.
O membro do Conselho do BCE Martins Kazaks espera aumentos “significativos” nas próximas duas reuniões, em fevereiro e março.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, advertiu contra o foco do mercado em mudanças da taxa final da Europa, dizendo “não podemos nos fixar em um único número”, pois há “boas razões para acreditar” que o crescimento dos preços irá se acelerar novamente em janeiro.
A inflação subjacente “persistentemente alta” manterá as taxas de juros em níveis mais elevados após novas as altas em fevereiro, março e “provavelmente até no segundo trimestre”, de acordo com Carsten Brzeski, economista da ING.
Outro relatório mostrou nesta sexta-feira que o sentimento econômico na zona do euro se recuperou pelo segundo mês seguido em dezembro, permanecendo abaixo de sua média de longo prazo.
As últimas projeções do BCE preveem aumentos de preços em média de 6,3% em 2023 e ainda estarão acima da meta de 2% em 2025.
-- Com colaboração de Joel Rinneby, Barbara Sladkowska, Craig Stirling, Anna Edwards, Mark Cudmore and Libby Cherry
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