Por que o Citi agora prefere ações da Europa às de empresas americanas

Estrategistas do banco de Wall Street avaliam que as expectativas de lucros das empresas americanas ainda são muito otimistas diante do aperto dos juros

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Bloomberg — Ações de empresas europeias refletem melhor a queda dos lucros corporativos que estão por vir do que os papéis mais caros de companhias americanas, de acordo com estrategistas do Citigroup (C).

Uma equipe liderada por Robert Buckland elevou a recomendação de ações europeias para overweight (exposição acima da média) nesta sexta-feira (6), dizendo que os valuations já precificam uma queda de 15% nos lucros. Ao mesmo tempo, o time reduziu a recomendação para ações dos EUA para underweight (abaixo da média) sob o argumento de que as expectativas de ganhos ainda são muito otimistas.

A visão do Citi contribui para o crescente otimismo em relação às ações de companhias europeias, que tiveram o melhor desempenho já registrado em relação aos papéis de empresas americanas no quarto trimestre após anos de crises.

Com a recessão agora também no horizonte dos EUA, investidores têm evitado ações mais caras de empresas de grande capitalização e se concentrado nos preços mais baratos da Europa.

O índice Stoxx 600 é negociado a cerca de 12,2 vezes o lucro projetado em comparação com 16,6 vezes do S&P 500.

Nos EUA, “a realidade da recessão se aproxima”, escreveram os estrategistas do Citi em nota. “Esperamos um primeiro semestre mais fraco e um segundo, mais forte.”

A equipe prevê que o S&P 500 termine 2023 em 4.000 pontos, o que implica uma alta em torno de 5% em relação aos níveis atuais e um salto de 8% do índice Stoxx 600, para 475 pontos.

Lucros globais menores

Os estrategistas esperam que os lucros globais encolham de 5% a 10% este ano, em oposição às expectativas atuais do mercado de crescimento de 3%, escreveu Buckland. Um índice do Citi mostra que analistas começam a moderar as expectativas: os cortes de projeções já superam as previsões de aumento tanto na Europa quanto nos EUA.

Os maiores bancos dos EUA, entre eles JPMorgan Chase e Bank of America, estreiam a temporada de balanços na próxima semana, e investidores vão ficar de olho em como juros mais altos, inflação persistente e demanda em desaceleração impactaram os lucros corporativos.

Buckland e equipe esperam que os juros atinjam o pico no primeiro semestre de 2023, com cortes potencialmente no fim do ano. “Um pico das taxas limitaria mais danos nos ‘valuations’ para os mercados acionários”, escreveram.

Além disso, o Global Bear Market Checklist do Citi, que leva em consideração fatores como prêmio de risco de ações, fluxos de fundos e expansão dos investimentos, mostra 6,5 de 18 possíveis bandeiras vermelhas, sugerindo comprar na queda, mas não buscar ralis, disse Buckland.

Em outro relatório, estrategistas do Goldman Sachs liderados por Sharon Bell elevaram seu preço-alvo de 12 meses do Stoxx 600 para 465 pontos, o que implica um ganho de 5,8% em relação ao fechamento de quinta-feira.

Já a equipe do Société Générale, que inclui Roland Kaloyan, disse que, embora as ações europeias agora pareçam caras em relação aos títulos, recomendariam a compra se o índice de referência fosse negociado perto de 400 pontos.

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