Ideias Bloomberg Línea — O trabalho híbrido é uma realidade desde o início da pandemia e, ainda que muitas empresas tenham retomado o trabalho presencial, eu acredito, como líder de uma multinacional no Brasil, que o retorno aos escritórios nunca mais será como antes.
A grande disrupção tecnológica e social provocou uma evolução no conceito da força e do local de trabalho de uma empresa. Em um ritmo exponencial, novos desafios começaram a se traçar e as organizações passaram a buscar maneiras de responder a eles.
Antes da pandemia, a porcentagem de pessoas que trabalhavam remotamente era de um dígito. Hoje, o índice chega a mais de 60% em alguns setores. E, para que o modelo híbrido funcione de forma sustentável nas organizações, vejo três principais razões pelas quais, na minha avaliação, o trabalho híbrido não vai morrer.
Em primeiro lugar, a importância de estar presente em um lugar físico já não existe mais. Hoje qualquer lugar pode se tornar um local de trabalho, permitindo aos trabalhadores a liberdade de decidirem como e onde eles contribuem com maior valor para a empresa. É o grande adeus à importância do “lugar”. O trabalho é o que fazemos, não onde estamos.
Outro ponto é que as tecnologias disponíveis facilitam a engrenagem do trabalho híbrido. As atuais soluções de colaboração, de inteligência artificial, de reconhecimento de voz, segurança da informação, bem como outras tecnologias, estão prontas para desempenhar um papel importante na melhoria da experiência para os profissionais que atuam no modelo híbrido.
O aparato tecnológico permite a formação de equipes mais distribuídas e alivia o tempo gasto em tarefas administrativas e de gerenciamento de dados, além de agilizar o processo de tomada de decisão.
Também acredito que o objetivo dos escritórios das empresas mudou. O uso da tecnologia transforma os espaços de trabalho. Atualmente, companhias no mundo todo estão redesenhando seus projetos arquitetônicos de maneira que valorizem os encontros presenciais, sem esquecer que parte da equipe pode estar remota.
As empresas estão adaptando os escritórios ao novo modelo de trabalho híbrido, com a criação de áreas colaborativas, espaços específicos para equipes maiores, melhor integração tecnológica para apresentações e chamadas de vídeo e demais inovações.
Como líder de uma companhia global fornecedora de tecnologia, tenho notado entre nossos clientes que os investimentos perdurarão, dada a continuidade do modelo híbrido e que, em muitos casos, já é o modelo definitivo de trabalho.
Vejo que as empresas já estão garantindo o funcionamento do modelo híbrido na prática e de forma produtiva, inclusive revisitando e aprimorando as soluções para que elas façam ainda mais sentido para a realidade de trabalho de hoje.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP, Bloomberg Línea e de seus proprietários.
* Presidente da Cisco do Brasil
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