A batalha nos bastidores para a criação de uma liga para o futebol brasileiro

Botafogo, Cruzeiro e Vasco tentam mediar acordo da Libra e da LFF, que contam com assessoria de BTG Pactual e XP, respectivamente, e investidores globais

Investidores globais estão de olho no potencial financeiro do futebol
Por David Hellier - Andrew Rosati
05 de Janeiro, 2023 | 07:51 PM

Leia esta notícia em

Inglês ou emEspanhol

Bloomberg — Três dos clubes de futebol mais tradicionais e conhecidos do Brasil estão tentando mediar uma trégua entre as ligas rivais que lutam pelo controle do esporte no país. Não vai ser fácil.

Botafogo, Cruzeiro e Vasco da Gama estão trabalhando para reunir e unir os apoiadores tanto da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) como da Liga Forte Futebol (LFF), que desejam criar um novo modelo para o futebol brasileiro, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

PUBLICIDADE

No centro da batalha está a criação de uma estrutura que possa manter os melhores talentos do futebol brasileiro no país por mais tempo e atrair investimentos estrangeiros por meio da venda de direitos de transmissão dos jogos, com mais autonomia em relação ao modelo existente em que cada clube negocia individualmente e, portanto, com menor poder de barganha.

No momento, a Libra e a LFF estão propondo diferentes formas de distribuição dessas receitas para os clubes brasileiros.

A Libra, que quer oferecer aos clubes com maior audiência uma fatia mais alta, já conta com o apoio da maior parte dos maiores clubes do país em receitas e títulos, incluindo Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Botafogo, Cruzeiro, Grêmio e Vasco - eram 17 até novembro.

PUBLICIDADE

A liga também conta com o apoio do fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala Investment. E tem a assessoria do BTG Pactual (BPAC11).

A LFF, por sua vez, tem apoio do Atlético Mineiro, do Athletico-PR, do Internacional e do Fluminense, somando 26 clubes, e financeiro do Serengeti Asset Management de Nova York. E conta com a assessoria da XP Inc (XP).

Botafogo, Cruzeiro e Vasco da Gama são, não por acaso, justamente três dos primeiros clubes do país que aderiram ao modelo conhecido como SAF (Sociedade Anônima do Futebol), em que a gestão de toda a área do futebol é negociada (vendida) com investidores.

PUBLICIDADE

Representantes do Botafogo, da LFF, da Libra, do Serengeti e do Vasco não quiseram comentar, e um porta-voz do Cruzeiro não fez comentários de imediato.

Com muitos talentos, mas afetados por anos de má administração financeira, os clubes brasileiros querem tirar proveito das novas regras que visam atrair mais dinheiro do exterior. Inspirados pela Premier League inglesa – a liga de futebol mais rica do mundo –, eles estão focados em conseguir isso por meio da venda e da distribuição dos direitos de mídia.

Botafogo, Cruzeiro e Vasco estão empenhados em ajudar a Libra e a LFF a chegar a um acordo e amenizar as preocupações de alguns clubes menores sobre os critérios de divisão das receitas de transmissão, segundo as fontes.

PUBLICIDADE

Chegar a um meio termo fará do futebol brasileiro um produto que poderá ser negociado mais facilmente, e a valores mais altos, para investidores externos, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas por discutirem informações confidenciais.

Investidores dos Estados Unidos estão entre os mais interessados em capitalizar o potencial de receita do alcance cada vez mais global do futebol.

Nos últimos 18 meses, empresas de investimento administradas pelos financiadores americanos John Textor e Josh Wander adquiriram o Botafogo e o Vasco, respectivamente, enquanto o ex-jogador Ronaldo assumiu o controle do futebol do Cruzeiro.

- Com informações da Bloomberg Línea.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Loop: Afinal, o que o Catar ganhou com a Copa do Mundo?

BBB 23: aos 21 anos, programa quebra recorde de anunciantes e supera R$ 1 bi