Tiger Global reforça aposta em startups depois de perda recorde com ações

Empresa de Chase Coleman busca captação de US$ 6 bilhões para novo fundo de VC, enquanto fundo hedge acumulou queda de mais de 50% até novembro

Chase Coleman, fundador da Tiger Global, com Stephanie Coleman em evento beneficente em Nova York
Por Hema Pamar - Mile Weiss
02 de Janeiro, 2023 | 01:10 PM

Bloomberg — A Tiger Global Management, de Chase Coleman, começou como um hedge fund tradicional com foco em ações que, mais tarde, se interessou por investimentos de capital de risco. Agora, após um 2022 de perdas, as apostas em startups superam os investimentos em ações mais do que nunca.

Essa transformação ajudou a gestora a superar seu pior ano, enquanto o fundo hedge tradicional da Tiger Global perdia mais da metade do valor.

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Sua unidade de venture capital cresceu exponencialmente nos últimos dois anos, protegendo a empresa de perdas ainda maiores, pois esses investimentos privados são menos suscetíveis a quedas do mercado acionário ou aos caprichos de curto prazo de clientes que pedem resgate.

O fundo hedge acumulou perdas de 54% nos primeiros 11 meses de 2022, a caminho de seu pior desempenho anual, enquanto o fundo com foco em posições compradas, ou “long only”, registrou queda superior a 60%, o que encolheu os ativos totais em US$ 42 bilhões.

Essas perdas impressionantes inclinaram ainda mais a balança a favor dos fundos de capital de risco: a Tiger Global administrava quase 75% de seus US$ 58 bilhões em carteiras privadas em setembro do ano passado.

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“Todo hedge fund tem inveja do private equity e do capital de risco”, disse Andrew Beer, fundador da Dynamic Beta Investments, que busca replicar os retornos de tais fundos. “Com longos lockups [período em que posições não podem ser desfeitas] e comissões altas, estas últimas são muito mais difíceis de eliminar durante um período difícil.”

A Bloomberg News conversou com várias pessoas com informações sobre a Tiger Global, que não quis comentar.

Chase Coleman fundou a empresa em Nova York em 2001, com um cheque de US$ 25 milhões de seu ex-chefe, Julian Robertson. A Tiger Global lançou um fundo hedge com estratégias compradas e vendidas com foco em ações de tecnologia e começou a investir em empresas privadas um ano depois.

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A Tiger Global realizou 683 investimentos de capital de risco e private equity desde o início de 2021, mais do que nos oito anos anteriores combinados, de acordo com dados do PitchBook.

Em 2021, o chefe de venture capital da Tiger Global, Scott Shleifer redobrou os esforços para a captação de recursos, pagando salários acima dos de mercado para contratar dezenas de funcionários de relações com investidores para explorar o mercado e levantar dinheiro para seu maior fundo de risco de todos os tempos, juntamente com seus produtos de hedge fund e posições compradas.

Esses esforços valeram a pena.

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A Tiger Global levantou quase US$ 13 bilhões para o fundo de venture capital, uma pilha de dinheiro que cresceu quando a empresa também começou a arrecadar fundos de indivíduos ricos.

Clientes abastados do JPMorgan Chase (JP) começaram a investir nos fundos de capital de risco em 2021 e, mais recentemente, a Tiger Global fechou uma parceria com o Morgan Stanley (MS) - replicando o movimento de gigantes de private equity como Blackstone para captar mais de investidores de varejo.

No começo de 2022, a Tiger Global apostou alto que as ações subiriam e que a China se recuperaria, tomando dinheiro emprestado para aumentar as posições.

Essas decisões erradas levaram a um ajuste de contas nos fundos, o que deslocou ainda mais o equilíbrio entre ativos privados e líquidos da empresa.

Isso levou a algumas mudanças operacionais significativas. Coleman tem participado com mais frequência de reuniões com fundadores de startups, disseram as pessoas. À medida que as perdas aumentavam, o executivo prometia aos clientes que trabalharia para recuperar seu dinheiro e sua confiança.

Apesar da magnitude das perdas do hedge fund - que superaram em muito as de seus pares -, investidores parecem estar concordando em dar tempo à Tiger Global para recuperar o prejuízo e não estão fazendo resgates de dinheiro em altos volumes.

A empresa tinha entradas líquidas de capital no acumulado do ano até dezembro de 2022 e alguns clientes até querem reinvestir, disseram as pessoas. Ainda assim, alguns se perguntam como a Tiger Global vai reter talentos em um mercado competitivo enquanto cobra taxas reduzidas.

Agora, a empresa busca captar US$ 6 bilhões para seu próximo fundo de venture capital – PIP 16 –, abaixo da meta inicial de US$ 8 bilhões. Por enquanto, o apetite de investidores tem sido mais fraco do que o esperado. E alguns, que inicialmente indicaram interesse, resolveram esperar em meio a um ambiente difícil de captação de fundos.

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