Colapso da FTX gera troca de acusações no mercado critpo

Discussões começaram depois que a Genesis anunciou que sua unidade de empréstimos suspenderia pagamentos a credores dada sua exposição à FTX

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Bloomberg — Em mais um capítulo envolvendo os impactos do fim do império cripto de Sam Bankman-Fried, os empresários Cameron Winklevoss, um dos criadores do Facebook (META) e CEO da exchange Gemini Trust Co, e Barry Silbert, CEO da exchange Digital Currency Group (DCG) e dono do maior fundo de bitcoin do mundo, trocaram acusações nas redes sociais sobre o congelamento de fundos de clientes após o colapso da FTX.

No Twitter, Winklevoss acusou Silbert de “táticas de má fé para enrolar investidores”, bem como, de misturar os recursos dentro de seu conglomerado após Winklevoss ter dito que tem deixado US$ 900 milhões em ativos de clientes no limbo desde o colapso da exchange de Bankman-Fried.

As discussões começaram depois que a Genesis Global Capital, uma das empresas pertencentes à Digital Currency Group, anunciou que sua unidade de empréstimos suspenderia pagamentos a credores por causa de sua exposição à FTX. A Genesis disse aos clientes que podia levar “semanas” para encontrar um caminho a seguir e que a falência podia ser uma possibilidade.

A Gemini era um dos credores e teve que interromper, em novembro, os resgates em um produto chamado “Earn”, que oferecia aos investidores o potencial de gerar até 8% de retorno em suas moedas digitais.

Winklevoss, enfrentando pressão de clientes irritados e um processo alegando fraude, disse em uma carta aberta nesta segunda-feira (2) que forneceu a Silbert várias propostas para resolver o problema, inclusive em 25 de dezembro.

Ele disse ao empresário que “essa bagunça é inteiramente de sua autoria”, citando cerca de US$ 1,675 bilhão que a DCG deve à Genesis – montante que, segundo ele, foi usado para outros fins comerciais dentro do conglomerado de Silbert. “Este é o dinheiro que a Genesis deve aos usuários do Earn e outros credores.”

Discussões nas redes sociais

Em uma resposta no Twitter, Silbert refutou diversas das acusações de Wilkevoss, dizendo que a “DCG não emprestou US$ 1,675 bilhão da Genesis” e que “nunca perdeu um pagamento de juros para a Genesis, estando em dia com todos os empréstimos pendentes”, sem fornecer mais detalhes.

Silbert também afirmou que a DCG entregou uma proposta para resolver a disputa aos conselheiros da Genesis e Winklevoss em 29 de dezembro, mas não recebeu resposta.

De sua parte, Winklevoss pediu a Silbert que “se comprometa publicamente a trabalhar juntos para resolver esse problema”, que ele diz afetar mais de 340.000 clientes do Earn, até 8 de janeiro. Ele não disse o que aconteceria se nenhum acordo fosse alcançado até a data.

Winklevoss afirma que os US$ 1,675 bilhão emprestados pela DCG da Genesis foram usados “para alimentar recompras de ações gananciosas e investimentos de risco ilíquidos”. Isso veio, disse ele, “tudo às custas dos credores e tudo para seu próprio ganho pessoal”.

Em declarações e tuítes, a DCG tem tentado enfatizar que está separada da Genesis e isolada de seus problemas. Depois que a Genesis suspendeu os resgates, a DCG disse em um tuíte que “essa ação temporária não tem impacto nas operações comerciais da DCG e de nossas outras subsidiárias integrais”.

Silbert, em uma carta aos acionistas no mês passado, disse que os empréstimos entre empresas foram feitos “no curso normal dos negócios”. Ele observou que a DCG tem um passivo de US$ 575 milhões para a Genesis.

Na carta, ele também descreveu uma nota promissória de US$ 1,1 bilhão, com vencimento em junho de 2032, que ele disse ter surgido quando a controladora assumiu as responsabilidades da Genesis relacionadas ao colapso do fundo de hedge cripto Three Arrows Capital (3AC).

A postura agressiva da Winklevoss ocorre quando a Gemini e seus fundadores enfrentam um processo de investidores que acusam a empresa de fraude, alegando que o produto Earn era, na verdade, uma conta remunerada que não conseguiu se registrar como um título.

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