Brasil é só commodity? Os 5 bens mais valiosos exportados em 2022

De jatos executivos a turbinas para aerogeradores, há produtos de maior valor unitário que se destacaram na pauta de exportações do país

Jato executivo Phenom 300, fabricado pela Embraer, chega a custar US$ 12 milhões a depender da configuração
31 de Dezembro, 2022 | 12:40 PM

Bloomberg Línea — O Brasil deve encerrar o ano com exportações da ordem de US$ 330 bilhões, com crescimento próximo a 20% na comparação com 2021. Entre os itens que respondem pelo maior volume somado estão commodities agrícolas como soja e milho e básicas como petróleo e minério de ferro.

Mas o país também se notabiliza pela venda para o exterior de produtos unitários de alto valor agregado, cuja produção exige uma série de patentes industriais, inovação e investimento.

Jatos executivos, iates e maquinário industrial dominam a lista das mercadorias mais caras exportadas pelo Brasil em 2022, segundo levantamento realizado pela Logcomex, startup de comércio exterior, em cima dos dados oficiais do governo brasileiro, a pedido de Bloomberg Línea.

Confira os 5 produtos mais caros exportados pelo Brasil em 2022:

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Jatos executivos

Jato executivo, que pode custar mais de US$ 10 milhões, é líder em vendas em sua categoria há dez anos, segundo a Embraer

A Embraer, com sede em São José dos Campos, no interior de São Paulo, lidera o ranking dos bens mais valiosos exportados pelo Brasil.

O jato executivo Phenom 300 é líder na sua categoria, sendo o mais vendido do mercado dez 10 anos, segundo a fabricante. Não há um preço único para o Phenom 300: o valor final depende de fatores como a personalização da aeronave e condições de pagamento. O modelo pode superar US$ 10 milhões.

A Embraer, atualmente, produz duas linhas de jatos executivos. A linha Phenom, de jatos leves, tem dois modelos: o Phenom 100 e o Phenom 300. E a linha Praetor, de jatos médios, com dois modelos também: Praetor 500 e Praetor 600. Este pode chegar a US$ 21 milhões a depender da configuração.

Iates de luxo

Iate da Azimut Yachts, que custa perto de US$ 2 milhões, é produzido em Itajaí, litoral de Santa Catarina

Embarcações de luxo também estão figuram entre as cinco mercadorias brasileiras mais caras vendidas no exterior.

Atração de feiras náuticas, o iate Azimut 62, que custa perto de US$ 2 milhões (cerca de R$ 13 milhões), tem sua produção em Itajaí (Santa Catarina). Neste ano, a Azimut Yachts, marca do Grupo Azimut Benetti, com matriz na Itália, chegou a exportar esse modelo para a Europa.

A nova versão da Azimut 62, fabricada no Brasil, possui um layout projetado para integrar espaços internos e externos com as vistas durante a navegação. Há a chamada praça de popa, que funciona como uma varanda ao ar livre com vista para o mar, integrada com a plataforma e espaço gourmet, a cozinha próxima à popa e as salas de jantar, estar e central de comando cercados de janelas panorâmicas.

Turbinas a vapor

Turbina a vapor é um dos equipamentos fabricados pela Weg em Santa Catarina

Turbinas se destacam entre os produtos de maior valor unitário exportados pelo Brasil. Neste ano, o país já vendeu um desses produtos em um contrato de até US$ 3,7 milhões. Nessa categoria, a Weg (WEG3), sediada em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, é uma das maiores exportadoras.

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Em 2016, a fabricante de motores e equipamentos para energia comprou o controle da TGM, considerada a maior empresa da América Latina no segmento de turbinas a vapor. A maior demanda por fontes renováveis de energia favorece a exportadora, que aposta no fornecimento de turbina para parques eólicos.

Caldeiras industriais

Caldeiras industriais estão entre os bens de capital mais caros exportados pelo Brasil, segundo a Abimaq

Caldeiras, transformadores, compressores e turborreatores estão entre os produtos de maior valor unitário vendidos pelo Brasil no exterior, segundo dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) enviados à Bloomberg Línea. As máquinas exportadas mais caras custam entre US$ 1 milhão e US$ 4 milhões por unidade.

As exportações de máquinas e equipamentos acumularam US$ 10 bilhões de janeiro a outubro, com crescimento de 25% em relação a igual período do ano passado, segundo o mais recente levantamento realizado pela entidade.

As vendas externas representam 20% da receita total do setor, segundo a Abimaq. Os países da América do Sul, principalmente Argentina, são os principais clientes da indústria brasileira de bens de capital.

Prensas mecânicas

Prensas industriais usadas pelo setor metal-mecânico são exportadas pelo Brasil

Máquinas-ferramentas, que custam entre US$ 4 milhões e US$ 8 milhões, também estão entre os bens mais valiosos vendidos pelo Brasil no mercado internacional. Entre elas estão prensas mecânicas usadas para trabalhar metal a frio. Também são exportadas máquinas para soldar metais por resistência, estampar metais ou misturar minerais com betume, segundo a Abimaq.

Máquinas para a indústria de transformação contabilizaram um aumento de 25% em receitas com os embarques entre janeiro e outubro na comparação anual. Já o setor de máquinas para logística e construção civil e máquinas agrícolas tem registrado crescimento de dois dígitos, na casa dos 30%.

Projeções para 2023

Em 2023, há projeções que indicam que o Brasil deve exportar menos como reflexo da desaceleração da economia mundial no ambiente de aperto monetário para conter pressões inflacionárias.

As vendas externas nacionais devem cair 2,3% no ano que vem, totalizando US$ 325,162 bilhões, abaixo do desempenho projetado para este ano (US$ 332,825 bilhões), segundo estimativa divulgada pela AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) no último dia 20 de dezembro.

No ranking dos maiores exportadores do mundo, o Brasil ainda ocupa a 25ª posição com base em dados de 2022. Entre os latinos, o México tem a melhor colocação, aparecendo no 16º lugar em uma lista em que a liderança se reveza entre China e EUA, a depender do ano, seguidos por Alemanha, Japão, Reino Unido e França, segundo os dados mais recentes apurados pelo Banco Mundial.

Commodities ainda são apontadas pela AEB como o carro-chefe dos embarques brasileiros, graças ao petróleo da Petrobras (PETR4), ao minério de ferro da Vale (VALE3) e às carnes dos frigoríficos BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3), JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3).

Há também relevância dos produtos siderúrgicos de Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5)e CSN (CSNA3), de celulose e papel de Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN4)e Eldorado, além de grãos como soja, milho, café e açúcar exportados pelas tradings como ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.