Bloomberg Línea — O ano de 2023, segundo a XP Investimentos (XP), deve ser marcado por uma recessão leve nos Estados Unidos e profunda na Europa, com forte volatilidade na renda variável em meio aos riscos ainda elevados. Para os investidores brasileiros, a palavra-chave é cautela.
A XP afirma, em relatório recém-divulgado, que “não gosta” de ativos “com valuations muito esticados/altos, o que inclui empresas de crescimento, como as de e-commerce, por exemplo; ações do segmento mais voltado para o consumo em meio a um cenário macro ainda desafiador; e ações negativamente correlacionadas com taxas de juros em alta, como as construtoras, que também são afetadas por incertezas fiscais”.
Além disso, a XP faz um alerta em relação às small caps (ações de menor capitalização), que também podem enfrentar um ambiente mais difícil “por causa da maior exposição ao crescimento doméstico em comparação com as large caps [de maior capitalização]”. A avaliação é de que expectativas crescentes de altas de juros em 2023 devem continuar pressionando essas empresas de menor valor de mercado.
Para a Toro Investimentos, plataforma de investimentos do Santander Brasil (SANB11), algumas small caps devem ter resultados melhores no longo prazo, bem como ações mais tradicionais e com valuations mais altos, como Arezzo (ARZZ3) e Vale (VALE3), respectivamente. Isso porque alguns setores, como os de alimentos e bebidas, varejo e mineração, devem se beneficiar em 2023.
No caso da mineradora Vale, a Toro afirma que “a presença global, alinhada à manutenção de operações de extração em vários continentes, permite a redução do risco geográfico”.
A Arezzo, indicada também pela XP, entra na lista por causa de suas políticas ESG, de melhores práticas sociais, ambientais e de governança. Mas também em razão de sua “alta capilaridade por meio de seus diversos canais de distribuição, que abrangem lojas próprias, outlets, franquias e e-commerce, além do canal multimarcas”, segundo a Toro.
Outra ação indicada pelas duas corretoras é a Ambev (ABEV3), que entra na lista também por razões ligadas a práticas ESG e por sua “disciplina financeira em remunerar os acionistas por meio de dividendos”, o que, segundo a Toro, indica um “negócio estável”.
A WEG (WEGE3) também entra na lista de recomendação das duas corretoras por seu trabalho na área ambiental e por “uma gestão operacional robusta, com ganhos de eficiência e de lucros consistentes ao longo dos últimos anos”, de acordo com a XP.
Para a Toro, a WEG se beneficia por ter entrado no segmento de energias renováveis, “com destaque para a produção de equipamentos que atendem à geração de energia solar e eólica”.
O consenso entre as corretoras é de que em 2023 o ESG deverá ser um indicador mais relevante de análise das companhias.
Confira as ações para investir em 2023, segundo Toro e XP:
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