Bloomberg Opinion — Os americanos são felizes mesmo? O país tem seus problemas, claro, mas um novo estudo sugere que as coisas podem ser melhores do que parecem.
Dois economistas, David G. Blanchflower, da Dartmouth, e Alex Bryson, da University College London, inventaram uma nova e mais intuitiva maneira de mensurar o bem-estar. Os resultados são impressionantes. Se você considerar os estados americanos como comparáveis a outros países, 16 das 20 principais unidades políticas do mundo para o bem-estar estão nos Estados Unidos – incluindo o top 7.
Muitas pesquisas de felicidade perguntam aos indivíduos o quanto eles estão satisfeitos com suas vidas. Essa é uma forma de formular a questão da felicidade, mas ela tem seus vieses. Ela tende a favorecer países em que as pessoas têm um forte senso de satisfação – ou, se você quiser ter uma abordagem um pouco mais negativa, onde as pessoas são um pouco presunçosas. Estes são alguns dos estudos nos quais a Finlândia e a Dinamarca estão em primeiro lugar.
O pulo do gato deste estudo mais recente é que ele considera tanto o efeito positivo quanto o negativo, e dá aos países (e estados americanos) classificações separadas para ambos os efeitos. Em outras palavras, ele reconhece que existe mais de uma dimensão para o bem-estar.
O estudo lista quatro variáveis como parte do efeito negativo: dor, tristeza, raiva e preocupação. O efeito positivo também consiste em quatro medidas: satisfação de vida, prazer, sorriso e estar bem descansado. Portanto, a satisfação com a vida é apenas uma parte dessa mensuração.
Um resultado interessante é que os países que evitam o efeito negativo não são necessariamente os mesmos que trazem números mais altos do efeito positivo. Alguns países – inclusive os EUA – têm muitos extremos. Os americanos tendem a ir ao limite tanto do lado positivo quanto do lado negativo.
O Butão é um contraste extremo nesta mesma linha. Medidos apenas pelo efeito positivo, os butaneses são o número 9 no mundo, um resultado impressionante. Mas no efeito negativo, eles são o número 149 – em outras palavras, eles passam por muitas emoções negativas, talvez devido às extremas dificuldades em suas vidas. Considerando tanto o efeito positivo quanto o negativo, o país fica na 99ª colocação, o que não é ruim para um país tão pobre – ficando, inclusive, à frente do Reino Unido, que está na 111ª colocação.
O efeito positivo da Dinamarca coloca o país em uma longínqua 71ª posição, condizendo com a imagem popular de um país onde nem todos estão pulando de alegria. O estado americano do Arkansas tem um efeito positivo melhor, ficando em 67º lugar. Mas a Dinamarca apresenta índices mais altos em geral (ficando em 38º lugar, ante o 72º lugar do Arkansas) porque o estado apresenta um efeito negativo mais alto (ficando em 87º lugar ante o 66º da Dinamarca).
Medindo tanto o efeito positivo como negativo, as 10 unidades políticas mais felizes do mundo são, nesta ordem: Havaí, Minnesota, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Iowa, Nebraska, Kansas, Taiwan, Alasca e Wisconsin. Dos 50 primeiros lugares, 36 são estados americanos (incluindo o Distrito de Columbia, na 16ª posição). A China está na 30º posição.
As altas classificações para muitas unidades políticas dos EUA são consistentes com um entendimento realista de que esta continua sendo uma nação conturbada. Esses problemas transparecem com um efeito negativo mais alto para americanos, o que é parcialmente compensado pelo forte desempenho no efeito positivo.
Os cinco lugares menos felizes, levando em conta tanto o efeito positivo quanto o negativo, são (de baixo para cima) Iraque, Sudão do Sul, Armênia, Togo e República Centro-Africana. O estado menos feliz dos EUA é a Virgínia Ocidental (101º lugar), devido em parte ao fato de estar mais cansado e preocupado que a maioria dos outros estados. A Califórnia ocupa o 59º lugar, Nova York o 73º.
Este estudo encontrou a verdadeira medida de bem-estar ou felicidade? Isso não existe. No entanto, é lógico que medir tanto o efeito positivo quanto o negativo, e seus componentes, pode dar uma leitura mais precisa do que apenas perguntar às pessoas sobre sua satisfação de vida.
O estudo também traz perguntas mais pessoais. Você quer uma existência tranquila e complacente? Ou você prefere uma vida de grande alegria, pontuada por períodos de dor e tristeza? Se escolheu último, os EUA pode ser o lugar para você. Se, por outro lado, você deseja evitar problemas, considere Taiwan, atualmente no 1º lugar no ranking devido ao menor efeito negativo.
Não importa onde você vive, este estudo pode levá-lo a considerar o que o faz sorrir ou ficar com raiva em sua própria vida. Não deixe de lê-lo quando estiver bem descansado e, o que quer que você pense sobre ele, tente não deixar que isso o preocupe.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.
Tyler Cowen é colunista da Bloomberg Opinion. É professor de economia na George Mason University e escreve para o blog Marginal Revolution. É coautor de “Talent: How to Identify Energizers, Creatives, and Winners Around the World.”
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