Fusões e aquisições encolhem um terço em 2022 após ano conturbado

Volume global movimentado em operações de M&A soma US$ 3,5 trilhões no ano que acaba, abaixo do recorde de US$ 5 trilhões atingido em 2021

Compra da Activision pela Microsoft sugeriu mais um ano recorde para M&A, mas as incertezas pouco depois passaram a esfriar o mercado
(Michael Ciaglo/Bloomberg)
Por Michelle Davis - Crystal Tse - Jan Henrik Foerster
27 de Dezembro, 2022 | 09:20 AM

Bloomberg — Inflação alta, juros crescentes e incertezas geopolíticas levaram a atividade global de fusões e aquisições (M&A) a encolher quase um terço em 2022, depois de um volume recorde no ano passado.

Foram anunciados US$ 3,5 trilhões em transações de M&A que visavam expandir negócios, entrar em novos setores ou reorganizar operações em meio mercados voláteis, segundo dados compilados pela Bloomberg News.

Mega-acordos no início do ano logo deram lugar ao nervosismo sobre a conclusão das fusões e aquisições. A atividade mensal despencou quase pela metade de maio a junho, e os volumes ainda não se recuperaram.

“Quando começamos 2022, as pessoas estavam fechando negócios a torto e a direito e os SPACs ainda eram uma sensação”, disse Melissa Sawyer, chefe global do grupo de fusões e aquisições da Sullivan & Cromwell. “Depois, o cenário para M&A mudou drasticamente.”

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Os SPACs são as chamadas empresas de cheque em branco, que captam recursos de investidores com o objetivo de encontrar outras companhias com as quais podem se fundir para levar para um IPO (oferta pública inicial).

O ano começou em alta quando a Microsoft (MSFT) concordou em comprar a produtora de videogames Activision Blizzard por US$ 69 bilhões, no maior negócio desde 2019. Por um momento, parecia que o volume recorde de US$ 5 trilhões em 2021 poderia se repetir.

Mas a confiança rapidamente começou a fraquejar. Em fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia e, no mês seguinte, o Federal Reserve embarcou em sua mais agressiva onda de aumento de juros em décadas, elevando a taxa básica dos Estados Unidos ao nível mais alto desde 2007.

“Havia tanta coisa acontecendo: inflação, a resposta do banco central com o aumento de juros, questões geopolíticas, problemas na cadeia de suprimentos e uma volatilidade inacreditável no mercado de ações”, disse Damien Zoubek, codiretor de M&A nos EUA da Freshfields Bruckhaus Deringer. “Misture tudo e isso e o resultado é um mercado de fusões e aquisições realmente conturbado.”

A aquisição do Twitter por Elon Musk também trouxe uma dose de incerteza para o setor de M&A, com o envolvimento de consultorias e bancos no negócios durante meses, enquanto o bilionário mudava seus planos. A oferta foi inicialmente formalizada em abril.

O negócio de US$ 44 bilhões, que acabou sendo fechado apenas em outubro, deixou um grupo liderado pelo Morgan Stanley sobrecarregado com cerca de US$ 13 bilhões em busca de financiamento.

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