Mesmo após sofrer derrotas, Rússia reitera que a Ucrânia deve se render

Ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, diz que a Ucrânia deve ceder a soberania sobre os territórios anexados pela Rússia desde a invasão

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Bloomberg — O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a Ucrânia deve se render ou enfrentar uma guerra contínua, mesmo que no momento as tropas de Moscou estejam sendo forçadas a recuar em uma série de derrotas.

Em entrevista ao serviço de notícias estatal Tass publicada nesta terça-feira (27), Lavrov disse que a Ucrânia deve ceder a soberania sobre os territórios anexados pela Rússia desde a invasão ordenada pelo presidente Vladimir Putin em 24 de fevereiro.

Os objetivos do Kremlin “são bem conhecidos do inimigo”, disse Lavrov. “Cumpra-os para o seu próprio bem. Caso contrário, a questão será decidida pelo Exército russo”.

Com a guerra entrando em seu 11º mês, as forças russas estão em desvantagem após repetidas falhas no campo de batalha sob pressão de uma contra-ofensiva ucraniana apoiada por armas de seus aliados americanos e europeus.

Putin admitiu na semana passada que a situação era “extremamente difícil” em quatro regiões parcialmente ocupadas no leste e no sul da Ucrânia, onde as forças ucranianas gradualmente recuperaram o território. Em novembro, a Ucrânia recuperou a cidade de Kherson, no sul, a única capital regional que a Rússia havia conquistado durante a invasão.

Ainda assim, Putin também disse em uma reunião com altos oficiais militares na semana passada que a Rússia “não tem limitações” nos gastos militares para a guerra na Ucrânia, já que pediu ao exército que apresente resultados.

Diante de perdas crescentes, as autoridades do Kremlin nos últimos meses diminuíram as exigências públicas para que a Ucrânia capitulasse após o fracasso da tentativa da Rússia no início da guerra de tomar a capital Kiev e derrubar o governo do presidente Volodymyr Zelenskiy.

A Rússia estreitou seus objetivos de guerra para controlar as quatro regiões que Putin anexou formalmente em setembro, embora suas tropas não as tenham ocupado totalmente e, desde então, tenham perdido mais territórios.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse em entrevista à Associated Press que seu país quer realizar uma cúpula de paz em fevereiro, mas não espera que a Rússia participe. Kiev está pronta para manter negociações diretas com Moscou somente depois que a Rússia enfrentar um tribunal de crimes de guerra, disse ele.

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