Brasil será o primeiro país a receber financiamento sustentável do Banco Mundial

Credor espera conceder o primeiro empréstimo vinculado à sustentabilidade até o segundo semestre do ano que vem

Projeto também inclui US$ 98 milhões adicionais para criar um Fundo de Dívida Climática que alavancará capital privado e se concentrará em empresas maiores, especialmente no agronegócio
Por Maria Eloisa Capurro
25 de Dezembro, 2022 | 08:33 PM

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Bloomberg — As empresas brasileiras serão as primeiras do mundo a receber financiamento vinculado à sustentabilidade do Banco Mundial, com o objetivo de reduzir suas emissões de carbono.

O conselho do banco aprovou uma linha de financiamento de US$ 400 milhões com o Banco do Brasil (BBAS3) para emitir empréstimos de longo prazo vinculados à sustentabilidade para pequenas e médias empresas, informou em comunicado na quinta (22). O credor espera conceder o primeiro empréstimo até o segundo semestre do ano que vem, disse em entrevista Shireen Mahdi, gerente do projeto no Banco Mundial.

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O projeto também inclui US$ 98 milhões adicionais para criar um Fundo de Dívida Climática que alavancará capital privado e se concentrará em empresas maiores, especialmente no agronegócio. O financiamento terá como objetivo reduzir as emissões por meio de cadeias de suprimentos, e não apenas dentro da própria estrutura de uma empresa. Outros US$ 2 milhões serão destinados à construção da tecnologia necessária para auxiliar empresas e acessar mercados de carbono de alta qualidade dentro do Banco do Brasil.

“Adotaremos altos padrões de qualidade para planos de mitigação e mercados de carbono”, disse Mahdi, que é o principal economista do Banco Mundial no Brasil. “Uma empresa que conseguir ter sucesso estará pronta para mercados de exportação e cadeias de valor que estão se tornando mais verdes.”

As linhas de crédito serão de até 20 anos e provavelmente terão um cupom redutor, usado no financiamento verde para que os emissores paguem menos juros quando atingirem suas metas. O Banco do Brasil espera que o agronegócio lidere os pedidos de financiamento, mas o projeto está aberto a todos os setores da economia. Os bancos ainda estão definindo como as metas serão determinadas, medidas e validadas.

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O projeto visa reduzir as emissões de C02 em até 4,5% do que o Brasil precisa para se manter a caminho do compromisso de zero líquido até 2030. Espera-se mobilizar US$ 1,4 bilhão em capital privado, segundo o banco. Sua abordagem “one-stop-shop”, concentrando todas as etapas necessárias dentro da mesma estrutura do banco, pode dar às pequenas e médias empresas um melhor acesso aos mercados de carbono, disse Mahdi.

Empresas e bancos brasileiros captaram US$ 20 bilhões por meio de títulos verdes ou sustentáveis durante 2020-2021, de acordo com dados recentes do banco central.

O Banco Central também está pressionando o sistema financeiro por uma abordagem verde para sua estrutura de risco, enquanto os investidores estão pedindo que o governo emita um título vinculado à sustentabilidade que pagaria juros se o país protegesse a floresta amazônica.

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