É hora de inovar na seleção brasileira

Um time de futebol é como uma empresa: precisa ter governança, metas bem definidas e inovação. É preciso acompanhar o que está sendo feito pelos principais concorrentes

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Ideias Bloomberg Línea — Na minha visita ao Catar durante a Copa do Mundo, vi em uma parede no vestiário da seleção brasileira escrito bem grande “confiança não se pega e se solta quando se quer”. Aquilo chamou minha atenção porque eu confio e acredito na seleção, como brasileiro apaixonado por futebol, assim como patrocinador.

Mas por que continuar acreditando na seleção após ela ter sido eliminada prematuramente? Simplesmente porque ela é a maior paixão desta nação e o único produto brasileiro que o mundo inteiro inveja. Um produto que tem muitos pontos em comum com o que produzimos, medicamentos.

Costumo dizer que futebol e medicamentos não têm classe social e que ambos têm, no cerne do seu propósito, a democratização, pois ambos devem ser o mais acessível possível.

Além de confiar, sou grato à seleção. Vale lembrar que, em 2016, quando assinamos o contrato com a CBF, a companhia era a “lanterninha da série-B”, 36º lugar no ranking das farmacêuticas nacionais (atingimos no ano passado o terceiro lugar desse ranking). Olho pra trás e vejo o quanto crescemos e avançamos e reconheço o papel que a seleção teve nessa jornada, mas não foi só isso.

Foi preciso nos reinventarmos ao longo do caminho e, para dar esse salto, saímos da zona de conforto, mexemos em times que estavam perdendo (e ganhando), foi preciso inovar (e muito). É preciso acreditar e confiar!

A seleção brasileira também precisa passar por esse processo, precisa se reinventar para seguir como “objeto de desejo” e referência mundial. Está na hora de a seleção se adaptar a um futuro que já chegou, para se manter como autoridade mundial do futebol.

Volto a falar em inovar, pois acredito que um time de futebol seja como uma empresa - precisa ter governança, metas bem definidas e, principalmente, inovação. É preciso acompanhar o que está sendo feito lá fora, pelos principais concorrentes, e não ter medo de arriscar quando é a hora.

Cito aqui exemplos de grandes clubes brasileiros que já estiveram em um momento delicado e, após reestruturação interna, como o Cruzeiro, que recentemente se tornou uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), mudaram de patamar, como resultado de uma gestão profissionalizada do futebol. Governança e gestão são agentes de mudança para um time.

Nunca tive medo de assumir riscos e, graças a isso, tivemos muitas conquistas na companhia. Tenho certeza de que o mesmo vai acontecer com a seleção brasileira, que agora segue para um novo momento. E, para isso, tem meu total apoio. Para mim, ela sempre entrará em campo como favorita e continuará assim em 2026.

Está na hora de o Brasil se unir ao redor de um movimento de apoio à maior seleção do mundo, porque, afinal, confiança não se pega e se solta quando se quer.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP, Bloomberg Línea e de seus proprietários.

*João Adibe Marques é presidente da Cimed.

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