O fim de ano de Tanure: troca de CEO da Ligga e disputa jurídica na Gafisa

Operadora de telecom contrata Fernando Spadari, ex-Modal, com vistas a IPO; na incorporadora, enfrenta tentativa de acionista de barrar aumento de capital

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Bloomberg Línea — O ano ainda não acabou para o bilionário Nelson Tanure, 71 anos.

O empresário e investidor decidiu trocar o CEO da Ligga (ex-Copel Telecom), operadora paranaense de telefonia e internet, nesta semana.

Já na Gafisa (GFSA3), incorporadora em que é acionista de referência, o empresário trava uma guerra jurídica com o acionista minoritário Vladimir Timerman, gestor do fundo Esh Capital (veja mais abaixo).

Na Ligga, Fernando Spadari (ex-sócio do Banco Modal, comprado pela XP em janeiro) assume o cargo de CEO no lugar de Wendell Oliveira, que vai para o conselho de administração, segundo disse a companhia à Bloomberg Línea.

Spadari assume o comando da Ligga tendo como uma das prioridades conduzir o processo de abertura de capital (IPO) nos mercados do Brasil e, possivelmente, no exterior.

Spadari tem experiência no setor de telecom e em fusões e aquisições (M&A). O executivo foi fundador da Guapo Capital Group, origem da Galapos, um dos principais operadores de M&A da região Sul do país. Mais recentemente, Spadari era o acionista responsável pela área de M&A do Banco Modal, de onde se desligou para assumir o comando da Ligga.

A Ligga é uma das maiores operadoras de telecom do país, com licença para atuar nos estados do Paraná e de São Paulo, Paraná, Maranhão, Roraima, Rondônia, Acre e Amazonas. Integram ainda a companhia a Sercomtel, a Horizons e a Nova Fibra.

Em entrevista à Bloomberg Línea em agosto, o então CEO da Ligga, Wendell Oliveira, disse que a implantação da rede móvel de quinta geração (5G) aumentaria a competição no setor por meio das cinco operadoras regionais (Brisanet, Unifique, Algar, Cloud2U e Ligga), vencedoras do leilão de novas frequências em 2021. Elas disputam o mercado com TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro.

Neste mês, o CEO da TIM Brasil, Alberto Griselli, porém, afirmou à Bloomberg Línea que uma aventada união entre as operadoras regionais para criar um quarto player com escala no setor é um cenário pouco provável diante da complexidade das operações e da avaliação de que são mercados distintos.

Gafisa

Na Gafisa, Tanure enfrenta os questionamentos do fundo Esh Capital, que tem 8% do capital da incorporadora, sobre uma emissão de debêntures conversíveis em ações de quase R$ 250 milhões.

O gestor do fundo, Vladimir Timerman, tentou na Justiça convocar uma assembleia geral extraordinária para apresentar supostas irregularidades da operação e pediu também a destituição de dois conselhos (fiscal e administração).

Em carta aberta ao mercado, o fundo sustenta que a operação pode acabar favorecendo os negócios de Tanure pelo risco de exposição da incorporadora a passivos de negócios do passado do empresário como as empresas de mídia Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil.

A 2ª Vara Empresarial de Arbitragem de São Paulo negou recurso da Esh Capital que buscava suspender o aumento de capital da Gafisa. Foi a segunda vitória que a incorporadora obteve na Justiça nesta semana contra as tentativas do acionista minoritário.

Em comunicado ao mercado, a Gafisa informou a confirmação de sua assembleia geral extraordinária para o dia 9 de janeiro de 2023, garantida por decisão liminar favorável desta semana. Na decisão desta quinta-feira (22), a Justiça avaliou que não há a urgência reclamada pelo acionista minoritário.

Tanure também é acionista de referência na petroleira Prio (PRIO3), antiga PetroRio, e controla a Alliar (AALR3), empresa de medicina diagnóstica adquirida em abril deste ano.

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