Bloomberg — O Wells Fargo chegou a um acordo de US$ 3,7 bilhões com reguladores federais, incluindo uma multa recorde de US$ 1,7 bilhão, para cobrir alegações de que maltratou milhões de clientes durante anos, fazendo com que alguns perdessem seus carros ou casas.
O acordo com o Consumer Financial Protection Bureau (CFPB) inclui mais de US$ 2 bilhões em “reparação aos consumidores”, disse o CFPB em um comunicado na terça-feira (20), citando a “má administração generalizada” de empréstimos para automóveis, hipotecas e contas de depósito.
“O ciclo de violação da lei do Wells Fargo prejudicou milhões de famílias americanas”, disse o diretor do CFPB, Rohit Chopra, no comunicado. “O CFPB está ordenando que a Wells Fargo devolva bilhões de dólares aos consumidores em todo o país. Este é um passo inicial importante para a responsabilização e reforma de longo prazo deste infrator reincidente.”
Sob o comando do CEO Charlie Scharf, o Wells Fargo tem tentado resolver uma série de escândalos que surgiram em 2016 com a revelação de que o banco abriu milhões de contas falsas. Surgiram problemas em todas as linhas de negócios, resultando na demissão de dois CEOs e uma série de multas caras, incluindo a decisão do Federal Reserve de limitar os ativos da empresa.
O banco reservou US$ 2 bilhões no terceiro trimestre para cobrir uma variedade de questões regulatórias e legais, incluindo a recuperação de clientes prejudicados. Scharf alertou em outubro que a acusação “não é o fim”.
“Nós e nossos reguladores identificamos uma série de práticas inaceitáveis que temos trabalhado sistematicamente para mudar e fornecer remediação ao cliente quando necessário”, disse Scharf em um comunicado separado. “Este acordo de longo alcance é um marco importante em nosso trabalho para transformar as práticas operacionais da Wells Fargo e deixar essas questões para trás.”
O banco concordou com uma ordem de consentimento com o CFPB sem admitir as alegações da agência.
O Wells Fargo disse que espera uma perda operacional antes dos impostos de cerca de US$ 3,5 bilhões no quarto trimestre, que inclui a penalidade civil CFPB e remediação, bem como outras despesas de litígio.
Casas perdidas
De acordo com a agência, o Wells Fargo recuperou veículos ilegalmente, manteve registros desastrosos de pagamentos e cobrou taxas e juros indevidamente. O órgão disse que os erros de manutenção do banco ocorreram de pelo menos 2011 a 2022.
Sobre empréstimos imobiliários, o CFPB disse que o banco negou indevidamente modificações nas hipotecas por um período de sete anos, com alguns clientes perdendo suas casas. O banco cobrou ilegalmente taxas inesperadas de saque a descoberto e, em mais de um milhão de casos, congelou ilegalmente contas de consumidores “com base na determinação de um filtro automatizado defeituoso de que pode ter havido um depósito fraudulento”.
Chopra já havia prometido tornar as punições de grandes empresas mais dolorosas. Em 2016, a agência multou o Wells Fargo, com sede em São Francisco, em US$ 100 milhões por abrir contas sem a permissão dos clientes. Em 2018, impôs uma sanção de US$ 1 bilhão por má conduta adicional, mas deu ao banco um crédito de US$ 500 milhões para um acordo simultâneo com o Office of the Comptroller of the Currency.
Chopra, nomeado pelo presidente Joe Biden, está sob pressão dos progressistas do Partido Democrata para revigorar a vigilância do consumidor, que, segundo eles, recuou da formulação e aplicação de políticas mais duras do ex-presidente republicano Donald Trump.
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