Além do varejo: C6 quer dobrar carteira de crédito para empresas de médio porte

Até o fim do ano, banco digital quer aumentar empréstimos para essas empresas para mais de R$ 3,5 bilhões, dos atuais R$ 1,8 bilhão

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Bloomberg — O C6 Bank, o banco digital brasileiro que tem o JPMorgan Chase (JPM) como sócio, planeja dobrar sua carteira de empréstimos para empresas de médio porte em busca de diversificação para além dos clientes de varejo.

Até o final do ano que vem, o C6 espera aumentar sua carteira de empréstimos para essas empresas para mais de R$ 3,5 bilhões, dos atuais R$ 1,8 bilhão, segundo o sócio fundador Adriano Ghelman. Empresas de médio porte são aquelas com faturamento anual de pelo menos R$ 30 milhões.

“Ter um negócio de atacado é natural quando você pretende criar um banco completo”, disse Ghelman em entrevista. “É um segmento importante da economia e não vou me furtar a ter esse tipo de ativo.”

Os bancos brasileiros, incluindo o Safra e o Daycoval, também competem para oferecer empréstimos a essas empresas, um segmento onde as taxas de inadimplência são geralmente mais baixas do que no crédito a empresas menores. Os maiores bancos do país, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), também são players importantes, mas Ghelman disse que o C6 pode ganhar participação de mercado por causa de sua agilidade e habilidades tecnológicas.

“Somos rápidos, geralmente mais do que os grandes bancos”, disse ele. “Podemos colocar produtos e sistemas para funcionar rapidamente.”

O JPMorgan concordou em junho de 2021 em comprar uma participação de 40% no C6, com sede em São Paulo, depois de adquirir uma participação minoritária em outra fintech brasileira, o FitBank Pagamentos Eletrônicos, um ano antes. O valor das transações não foi divulgado. Em abril, o Banco Central aprovou um aumento de capital de R$ 3,63 bilhões no C6, que tem patrimônio líquido de R$ 5,08 bilhões hoje.

Assim como os bancos tradicionais, os bancos digitais como o C6 também precisam visitar todas as empresas de médio porte que consideram como clientes, disse Ghelman. Eles devem se reunir com o diretor financeiro da empresa, fazer análise de crédito, examinar documentos, entender o setor e revisar recebíveis que serão usados como garantia. Dada essa carga de trabalho, cada gerente de relacionamento só pode ser responsável por cerca de 20 a 40 empresas, disse ele.

O atacado do C6 conta com 46 gerentes de relacionamento e tem meta de chegar a 75 até o final de 2023. A unidade tem escritórios em oito cidades além de São Paulo: Belo Horizonte, Goiânia, Campinas, Ribeirão Preto, Recife, Rio de Janeiro, Cuiabá e Porto Alegre. O C6 também criou uma mesa de câmbio e está fornecendo empréstimos em dólar e derivativos.

O banco, com ativos totais de R$ 39,7 bilhões em setembro, contratou 2.300 pessoas em 2022 e fecha o ano com 4.143 funcionários. Possui mais de 20 milhões de contas para pessoas físicas e cerca de 1 milhão para empresas.

Ghelman fundou o C6 em 2019 junto com Marcelo Kalim, que assim como Ghelman foi sócio do BTG Pactual (BPAC11). A estratégia deles é explorar o crescente mercado bancário do Brasil — um dos maiores do mundo. Cerca de 70% das transações do setor são realizadas digitalmente, segundo a Febraban.

O negócio de atacado que o C6 tem como alvo dá ao banco oportunidades de oferecer mais alternativas de investimento aos clientes, como ajudar empresas a emitir títulos de dívida que podem ser vendidos na plataforma digital do banco. Os empréstimos a essas empresas também podem servir como garantia para certos tipos de notas bancárias no Brasil que são isentas de impostos para investidores, como aquelas garantidas por empréstimos imobiliários ou agrícolas.

Ghelman disse que o ambiente para as empresas no Brasil no próximo ano pode sofrer uma “piora qualitativa” porque o crescimento econômico deve desacelerar.

“Mas os empresários podem cortar estoques e produção, fazer correções e o banco pode reduzir os vencimentos dos empréstimos ou pedir mais garantias”, disse ele. “Portanto, não será uma piora significativa.”

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