Além do varejo: C6 quer dobrar carteira de crédito para empresas de médio porte

Até o fim do ano, banco digital quer aumentar empréstimos para essas empresas para mais de R$ 3,5 bilhões, dos atuais R$ 1,8 bilhão

Vista da região da Faria Lima, centro financeiro de São Paulo
Por Cristiane Lucchesi
22 de Dezembro, 2022 | 01:05 PM

Bloomberg — O C6 Bank, o banco digital brasileiro que tem o JPMorgan Chase (JPM) como sócio, planeja dobrar sua carteira de empréstimos para empresas de médio porte em busca de diversificação para além dos clientes de varejo.

Até o final do ano que vem, o C6 espera aumentar sua carteira de empréstimos para essas empresas para mais de R$ 3,5 bilhões, dos atuais R$ 1,8 bilhão, segundo o sócio fundador Adriano Ghelman. Empresas de médio porte são aquelas com faturamento anual de pelo menos R$ 30 milhões.

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“Ter um negócio de atacado é natural quando você pretende criar um banco completo”, disse Ghelman em entrevista. “É um segmento importante da economia e não vou me furtar a ter esse tipo de ativo.”

Os bancos brasileiros, incluindo o Safra e o Daycoval, também competem para oferecer empréstimos a essas empresas, um segmento onde as taxas de inadimplência são geralmente mais baixas do que no crédito a empresas menores. Os maiores bancos do país, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), também são players importantes, mas Ghelman disse que o C6 pode ganhar participação de mercado por causa de sua agilidade e habilidades tecnológicas.

“Somos rápidos, geralmente mais do que os grandes bancos”, disse ele. “Podemos colocar produtos e sistemas para funcionar rapidamente.”

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O JPMorgan concordou em junho de 2021 em comprar uma participação de 40% no C6, com sede em São Paulo, depois de adquirir uma participação minoritária em outra fintech brasileira, o FitBank Pagamentos Eletrônicos, um ano antes. O valor das transações não foi divulgado. Em abril, o Banco Central aprovou um aumento de capital de R$ 3,63 bilhões no C6, que tem patrimônio líquido de R$ 5,08 bilhões hoje.

Assim como os bancos tradicionais, os bancos digitais como o C6 também precisam visitar todas as empresas de médio porte que consideram como clientes, disse Ghelman. Eles devem se reunir com o diretor financeiro da empresa, fazer análise de crédito, examinar documentos, entender o setor e revisar recebíveis que serão usados como garantia. Dada essa carga de trabalho, cada gerente de relacionamento só pode ser responsável por cerca de 20 a 40 empresas, disse ele.

O atacado do C6 conta com 46 gerentes de relacionamento e tem meta de chegar a 75 até o final de 2023. A unidade tem escritórios em oito cidades além de São Paulo: Belo Horizonte, Goiânia, Campinas, Ribeirão Preto, Recife, Rio de Janeiro, Cuiabá e Porto Alegre. O C6 também criou uma mesa de câmbio e está fornecendo empréstimos em dólar e derivativos.

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O banco, com ativos totais de R$ 39,7 bilhões em setembro, contratou 2.300 pessoas em 2022 e fecha o ano com 4.143 funcionários. Possui mais de 20 milhões de contas para pessoas físicas e cerca de 1 milhão para empresas.

Ghelman fundou o C6 em 2019 junto com Marcelo Kalim, que assim como Ghelman foi sócio do BTG Pactual (BPAC11). A estratégia deles é explorar o crescente mercado bancário do Brasil — um dos maiores do mundo. Cerca de 70% das transações do setor são realizadas digitalmente, segundo a Febraban.

O negócio de atacado que o C6 tem como alvo dá ao banco oportunidades de oferecer mais alternativas de investimento aos clientes, como ajudar empresas a emitir títulos de dívida que podem ser vendidos na plataforma digital do banco. Os empréstimos a essas empresas também podem servir como garantia para certos tipos de notas bancárias no Brasil que são isentas de impostos para investidores, como aquelas garantidas por empréstimos imobiliários ou agrícolas.

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Ghelman disse que o ambiente para as empresas no Brasil no próximo ano pode sofrer uma “piora qualitativa” porque o crescimento econômico deve desacelerar.

“Mas os empresários podem cortar estoques e produção, fazer correções e o banco pode reduzir os vencimentos dos empréstimos ou pedir mais garantias”, disse ele. “Portanto, não será uma piora significativa.”

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