Para Musk, futuro CEO do Twitter deve ser ‘tolo o suficiente’ para assumir cargo

Bilionário está em busca de um novo CEO para a rede social e irá focar na área de engenharia da companhia

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Bloomberg — Elon Musk confirmou que deixará o cargo de diretor executivo do Twitter quando encontrar um sucessor, embora planeje manter o controle sobre as equipes de engenharia da empresa.

Desde que assumiu a rede social, em outubro, cerca de cinco mil dos 7.500 funcionários foram demitidos ou pediram demissão do Twitter. Sob o comando de Musk, a área de engenharia deve ganhar mais relevância, enquanto o futuro das áreas jurídica e financeira segue incerto.

De acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto, o executivo bilionário está em busca de um novo CEO depois de perder uma enquete na rede social em que questionava se ele deveria renunciar ao cargo de chefe da empresa.

Mais de 10 milhões de votos, ou 58%, foram a favor da renúncia de Musk, de acordo com os resultados divulgados na manhã de segunda-feira (19). Embora tenha se comprometido a respeitar o desfecho das votações quando lançou a pesquisa, ele tuitou diversas vezes um dia depois sem abordar diretamente o resultado.

A busca por um novo CEO pode ser demorada, disse a pessoa, que pediu anonimato por se tratar de um assunto particular.

Musk administra o Twitter quase sozinho desde que o comprou em outubro por US$ 44 bilhões. Ele disse desde o início que não planejava permanecer como CEO e se cercou de pessoas de confiança, algumas das quais sugeriram que estariam prontas para assumir o que Musk chama de “tarefa ingrata”. “Ninguém quer o trabalho que pode realmente manter o Twitter vivo. Não há sucessor”, tuitou Musk no início desta semana.

Musk também disse durante um Twitter Spaces realizado na terça-feira (20) que a plataforma está a caminho de atingir US$ 3 bilhões em fluxo de caixa negativo, antes da recente rodada de corte de custos.

Entre aqueles que permaneceram no círculo íntimo de Musk estão Jason Calacanis, um investidor e podcaster, e o ex-executivo do PayPal, David Sacks. Os dois fizeram parte da “estratégia de guerra” de Musk nos dias após o fechamento do capital da companhia. Pessoas familiarizadas com a situação disseram que eles receberam contas internas e ajudaram a tomar decisões sobre quem manteria seus empregos. Ambos têm feito sugestões públicas para a estratégia de negócios do Twitter.

Calacanis tem ficado à frente de ideias para monetizar o Twitter, defendendo recursos como um link de “análise de enquetes“, onde as informações sobre os resultados das pesquisas na rede social seriam discriminadas por atributo do eleitor, como país e número de seguidores. Para ele, essas ferramentas são as que “valem a pena pagar”. Na segunda, ele falou sobre os novos esforços de branding de negócios do Twitter.

Sacks também retuitou uma notificação sobre o Twitter Business na segunda – um novo programa que permite que as empresas identifiquem suas marcas e funcionários-chave no Twitter. Sacks adicionou o logotipo da Craft Ventures, a empresa que ele dirige, ao lado de seu nome. Em referência à pesquisa de Musk sobre se ele deveria permanecer como CEO do Twitter, Sacks sugeriu que outros CEOs fizessem o mesmo.

Em um de seus primeiros tuites após o encerramento da pesquisa, Musk disse que o Twitter restringirá a votação nas principais decisões políticas aos assinantes pagantes do Twitter Blue. O serviço, que custa US$ 8 por mês, atraiu cerca de 140.000 assinantes até 15 de novembro, de acordo com o jornal The New York Times.

Calacanis não respondeu a uma solicitação por e-mail sobre se ele e Musk haviam discutido o cargo de CEO. Uma porta-voz de Sacks se recusou a comentar.

A informação de que Musk está em busca de um CEO para o Twitter foi divulgada anteriormente por David Faber, da rede americana CNBC. Segundo ele, a busca começou antes do surgimento da enquete no Twitter.

Depois de perder a votação inicial, Musk, que também é CEO da Tesla (TSLA), retuitou o material promocional da montadora e do serviço Blue for Business do Twitter. Ele também respondeu a uma reportagem sobre as críticas da rival Toyota aos veículos elétricos com um simples “Uau”.

As ações da Tesla, de longe a participação mais valiosa de Musk, despencaram desde a aquisição do Twitter e os críticos argumentam que ele está gastando muito tempo na empresa de mídia social.

-- Com a colaboração de Sara McBride

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